UM  SUSTO!

          Eram cerca de 10 horas da manhã de um quente dia de verão, e eu ia a caminho do trabalho que ficava bem ali na Esplanada do Castelo.

          Tomei o ônibus em Frente à Central do Brasil, mas saltei antes do meu ponto de descida porque estava com folga de horário e queria dar uma espiada nas vitrinas (a Sloper era sempre uma tentação e um vício).

          Fui, pois, andando, entrando numa e noutra loja, namorando aquilo que me agradava mais e segui pela Uruguaiana, uma rua cheia de sobrados velhos que abrigavam escritórios, alfaiatarias, fotógrafos e nem sei o que mais, além de ser ladeada de ficus antigos e nodosos.

          Distraída, entretida, lá ia eu... De repente senti alguma coisa bater na parte detrás do meu pescoço e escorregar para dentro da blusa. SOCORRO, meu Deus! O que era aquilo? Só podia ser uma daquelas lagartas enormes e gordas que despencou de um galho bem em cima de mim!

          Fiquei transida de pavor e nojo, mas ergui a cabeça e continuei caminhando, rígida, a passos apressados, ansiosa por chegar bem depressa à Repartição e ver-me livre daquele problema.

          Cheguei, enfim, e corri ao banheiro. Contei o ocorrido a uma colega e pedi-lhe ajuda para tirar a blusa com cuidado, não queria esmigalhar a bicha na minha pele. Por azar a blusa tinha que sair pela cabeça, o que tornava a operação ainda mais difícil.  Puxa daqui... puxa dali... A blusa saiu e uma casca de banana caiu no chão. Ufa, que alívio! Não era lagarta, apenas um descaso, a força do hábito, um mau hábito que leva uma pessoa a jogar pela janela o que devia ir para o lixo da sala.

          Naquele dia eu fui a premiada, mas não posso dizer que gostei do presente.