Tres destinos
Um Câozinho/Um teco-teco/Um Amigo/Uma mãe em perigo de morte/ Qual a ligação?
Era um cachorro chamado veludo. Era um animal caçador. Pretinho, aveludado e seu pêlo brilhava. Tinha uma mancha branca no peito em forma de triangulo. Veludo, era amado por toda a garotada, pois constituía nossa diversão nos feriados, sábados e domingos, nas caçadas de preás, tatus e outros bichos. Mas um dia, nossa alegria transformou-se em tristeza porque aconteceu algo terrível com nosso cãozinho. Ele apareceu em casa sangrando com um furo no pescoço. Quando verificamos sua causa, descobrimos que tinha uma bala de chumbo dentro do seu pêlo. Mas, para nossa sorte e alegria, veludo não morreu por aquele tiro; mais tarde, nossos “investigadores” mirins descobriram que nosso grande amigo tinha sido vítima do filho de um fazendeiro que gostava de praticar tiro ao alvo em sua fazenda próxima de nossa comunidade. Isto, porque veludo caçava em vários lugares, mesmo quando não estávamos com ele. Esse rapaz que atirou no veludo tinha o apelido de Nenzinho, mas o seu nome verdadeiro era Anderson Colares, era piloto de aviões pequenos tipo Sesna ou Teco –Teco. Não parecia uma pessoa má. Mas veja o que aconteceu. Ele era meu amigo e chegou a dar-me uma vitrola antiga de disco 78 rotações e uma porção de discos, que na época era sucesso (Carmem Miranda, Silvinha Teles, Francisco Alves e outros cantores famosos). Eu prestava um serviço ocasional para seu pai e sua madastra, no que constituía em aplicar injeções quando estes precisavam. Isto, porque eu ajudava meu irmão em uma farmácia da comunidade.
O Nenzinho construiu uma pista de pouso improvisada na fazenda para aterrissar o seu teco-teco na linha de BH. Antes de decolar, precisava calibrar a hélice e para isto uma pessoa ficava movendo-a com a mão até ficar no ponto certo. Nisto, um de seus empregados que estava meio bêbado aproximou-se no momento em que o motor foi acionado no final do teste. Aí, aconteceu o pior. A ponta da hélice cortou sua clavícula que quase o matou.
Mas não fica por aí esta história. Minha mãe viveu até 94 anos. Morreu em Vitoria no ES. Mas foi uma verdadeira guerreira. Teve 19 filhos; ao que me consta, somente 10 viveram, porque os demais foram natimortos ou vitimas de tétano umbilical (mal de sete dias) devido aos recursos médicos da época. Mas uma coisa muito triste deixou a família preocupada. Ainda, morávamos no distrito do Bananal. Minha mãe estava para dar à luz a 18ª criança e já estava no trabalho de parto, eu devia ter uns 15 anos. Ela sofria com muita dor. Dava para se ouvir de fora, todos estavam preocupados, mas a criança não nascia. E aí, o que fazer?- Minha mãe, com certeza morreria. Mas diante de tal situação, alguém teve uma idéia brilhante:
- Vamos comunicar ao Dr. Américo em Malacacheta; cidade que ficava 40 km. distante, de estrada de chão. Mas como?- Á cavalo, não dá tempo, minha mãe morre até lá. Então, vamos fazer outra coisa; pedir ao Nenzinho para ir até lá e chamar o Dr. Américo. Mas a cidade não tinha pista de pouso. Neste caso o Nenzinho não precisa aterrissar, é só levar uma caixa de sapatos com uma mensagem e um peso para cair no lugar certo. Assim foi feito. Procuramos nosso amigo e contamos o que estava acontecendo. Ele, logo se prontificou,. Pegou o seu avião e voou para Malacacheta, sobrevoou a cidade e deixou cair a mensagem sobre a rua onde morava o nosso médico conforme o combinado. Algum filho que Deus mandou naquele momento, pegou a caixa com a mensagem e entregou- a ao médico.
A estratégia funcionou. Dr. Américo chegou em casa com seu velho “jeep” 1951, logo preparou seus instrumentos. Como não havia mais jeito, minha mãe sobreviveu e a criança foi retirada a fórceps (instrumento cirúrgico para casos semelhantes). “A pronta ajuda do Nenzinho , a capacidade e boa vontade do Dr. Américo, com ajuda de Deus, salvaram minha mãe. Nossa família agradece aos dois, onde eles estiverem”
Porque esta ultima palavra?- Muito triste o que vou contar. Nosso amigo, como já disse, fazia parte de um Taxi Aéreo em BH. Vivia com um colega de quarto do qual não sei o nome. Um dia, esse colega, ninguém sabe ao certo, ao limpar uma arma automática, esta disparou e acertou o nosso amigo que o matou.
Nota do autor: Este texto faz parte do livro que estou escrevendo "A saga de uma familia"
Um Câozinho/Um teco-teco/Um Amigo/Uma mãe em perigo de morte/ Qual a ligação?
Era um cachorro chamado veludo. Era um animal caçador. Pretinho, aveludado e seu pêlo brilhava. Tinha uma mancha branca no peito em forma de triangulo. Veludo, era amado por toda a garotada, pois constituía nossa diversão nos feriados, sábados e domingos, nas caçadas de preás, tatus e outros bichos. Mas um dia, nossa alegria transformou-se em tristeza porque aconteceu algo terrível com nosso cãozinho. Ele apareceu em casa sangrando com um furo no pescoço. Quando verificamos sua causa, descobrimos que tinha uma bala de chumbo dentro do seu pêlo. Mas, para nossa sorte e alegria, veludo não morreu por aquele tiro; mais tarde, nossos “investigadores” mirins descobriram que nosso grande amigo tinha sido vítima do filho de um fazendeiro que gostava de praticar tiro ao alvo em sua fazenda próxima de nossa comunidade. Isto, porque veludo caçava em vários lugares, mesmo quando não estávamos com ele. Esse rapaz que atirou no veludo tinha o apelido de Nenzinho, mas o seu nome verdadeiro era Anderson Colares, era piloto de aviões pequenos tipo Sesna ou Teco –Teco. Não parecia uma pessoa má. Mas veja o que aconteceu. Ele era meu amigo e chegou a dar-me uma vitrola antiga de disco 78 rotações e uma porção de discos, que na época era sucesso (Carmem Miranda, Silvinha Teles, Francisco Alves e outros cantores famosos). Eu prestava um serviço ocasional para seu pai e sua madastra, no que constituía em aplicar injeções quando estes precisavam. Isto, porque eu ajudava meu irmão em uma farmácia da comunidade.
O Nenzinho construiu uma pista de pouso improvisada na fazenda para aterrissar o seu teco-teco na linha de BH. Antes de decolar, precisava calibrar a hélice e para isto uma pessoa ficava movendo-a com a mão até ficar no ponto certo. Nisto, um de seus empregados que estava meio bêbado aproximou-se no momento em que o motor foi acionado no final do teste. Aí, aconteceu o pior. A ponta da hélice cortou sua clavícula que quase o matou.
Mas não fica por aí esta história. Minha mãe viveu até 94 anos. Morreu em Vitoria no ES. Mas foi uma verdadeira guerreira. Teve 19 filhos; ao que me consta, somente 10 viveram, porque os demais foram natimortos ou vitimas de tétano umbilical (mal de sete dias) devido aos recursos médicos da época. Mas uma coisa muito triste deixou a família preocupada. Ainda, morávamos no distrito do Bananal. Minha mãe estava para dar à luz a 18ª criança e já estava no trabalho de parto, eu devia ter uns 15 anos. Ela sofria com muita dor. Dava para se ouvir de fora, todos estavam preocupados, mas a criança não nascia. E aí, o que fazer?- Minha mãe, com certeza morreria. Mas diante de tal situação, alguém teve uma idéia brilhante:
- Vamos comunicar ao Dr. Américo em Malacacheta; cidade que ficava 40 km. distante, de estrada de chão. Mas como?- Á cavalo, não dá tempo, minha mãe morre até lá. Então, vamos fazer outra coisa; pedir ao Nenzinho para ir até lá e chamar o Dr. Américo. Mas a cidade não tinha pista de pouso. Neste caso o Nenzinho não precisa aterrissar, é só levar uma caixa de sapatos com uma mensagem e um peso para cair no lugar certo. Assim foi feito. Procuramos nosso amigo e contamos o que estava acontecendo. Ele, logo se prontificou,. Pegou o seu avião e voou para Malacacheta, sobrevoou a cidade e deixou cair a mensagem sobre a rua onde morava o nosso médico conforme o combinado. Algum filho que Deus mandou naquele momento, pegou a caixa com a mensagem e entregou- a ao médico.
A estratégia funcionou. Dr. Américo chegou em casa com seu velho “jeep” 1951, logo preparou seus instrumentos. Como não havia mais jeito, minha mãe sobreviveu e a criança foi retirada a fórceps (instrumento cirúrgico para casos semelhantes). “A pronta ajuda do Nenzinho , a capacidade e boa vontade do Dr. Américo, com ajuda de Deus, salvaram minha mãe. Nossa família agradece aos dois, onde eles estiverem”
Porque esta ultima palavra?- Muito triste o que vou contar. Nosso amigo, como já disse, fazia parte de um Taxi Aéreo em BH. Vivia com um colega de quarto do qual não sei o nome. Um dia, esse colega, ninguém sabe ao certo, ao limpar uma arma automática, esta disparou e acertou o nosso amigo que o matou.
Nota do autor: Este texto faz parte do livro que estou escrevendo "A saga de uma familia"