Pausa para refletir
Por Uma Mudança Real
Jorge Linhaça
Passado o primeiro turno das eleições e já escolhidos os ilustres ( ou nem tanto ) deputados ( estaduais e federais) e senadores, e talvez um ou outro Governador e, quem sabe, até quem ocupará a vaga de Lula...é hora do rescaldo e da reflexão.
Mesmo sem saber o resultado das urnas,não é difícil imaginar que algumas figuras folclóricas comporão as casas de leis...
Frei Beto, em um recente artigo, coloca que a culpa disso é dos partidos que usam esses puxadores de votos para engordar suas bancadas...é verdade...mas é verdade também que a culpa é nossa, porque a maioria dos eleitores deste país, sequer sabe da tal proprocionalidade eleitoral...que, por exemplo, 2 milhões de votos para o Tiririca elegem, não apenas ele, mas um número x de candidatos de sua coligação que nem sequer seriam eleitos sozinhos e que acabam usufruindo do excesso de votos do eleito nas urnas.
A coisa é tão descabida que, votando no Tiririca ( nada contra ele, mas é o exemplo mais claro de como a coisa funciona ) podemos estar elegendo alguém muito pior, desde que este último seja um dos mais votados no partido...
Não é por acaso que alguns partidos tem sua legenda formada por vários artistas ou pessoas conhecidas, afinal cada voto excedente vale ouro, por levar atrelado outro candidato sem expressão nas urnas.
Basta que este último seja o primeiro mais votado dentre os que não conseguiram o número de votos necessários.
Para clarear um pouco:
Vamos supor que para ser eleito, o coeficiente eleitoral seja de 40 mil votos...todos os candidatos de qualquer partido que atingirem os 40 mil votos estarão eleitos...ok? Todos os votos que passem do coeficiente vão para a legenda e beneficiam quem não se elegeu.
Então...se o candidato X atingir 160.000 votos, ale´m de eleger a si mesmo, carrega consigo 3 candidatos com os votos que teoricamente foram dados a ele...assim, você vota nos alhos e leva de bônus os bugalhos...
Embora fale-se em uma limpeza e mudança de candidatos, em não se votar em fulano ou beltrano, segundo as regras atuais , estamos sempre correndo o risco de o mesmo ser eleito...basta que um desses "puxadores de votos" seja lançado como atrativo de votos e o tal fulano não precisa nem aparecer como candidato na TV.
Enfim...é uma baita sacanagem com o eleitor e também com os candidatos de outros partidos, muitas vezes mais votados do que aqueles que entraram com os votos excedentes e que não conseguem se eleger.
Mais claro?
OK...vamos clarear...
O partido das margaridas, por exemplo, lança 6 candidatos que, juntos, não somam 40.000 votos...nenhum deles se eleje, mesmo que um tenha tido, sózinho, 30.000 votos.
Já o partido dos lambe-lambe, lança 6 candidatos e um único deles recebe 230.000 votos enquanto os outros 5 juntos somam 10.000
Resultado: Os seis estariam eleitos...
É por isso que os partidos lançam candidatos como Tiririca, Mulher Pera, Batoré, Klb , Frank Aguiar, Vampeta, Marcelinho Carioca,.etc...para encher suas bancadas com os votos populares.
Querer seriedade nessas condições talvez seja exigir demais dos eleitos e partidos políticos, o que nos restaria, na verdade seria exigir uma reforma eleitoral séria e restritiva a essa prática semi-oculta da população.
Por que não exigir que se elejam pura e simplesmente os mais votados, sem transferência de votos por coeficiente?
Por que não coletar assinaturas nesse sentido na internet e fora dela como foi feito com o Ficha Limpa?
Até quando vão nos enfiar goela abaixo candidatos que não tiveram votos?
Até quando compraremos gato por lebre?
Outra idéia que já levantei anteriormente e que fiquei feliz em saber que Frei Beto pensa parecido (na verdade eu sou mais radical que isso) é o limite de mandatos por candidato...cada um deveria poder ocupar cargos eletivos apenas poir dois mandatos seguidos, depois obrigatoriamente deveria retirar-se por 4 ou oito anos da vida política ou ao menos não candidatar-se a cargo algum por esse período.
Qual a vantagem?
Bem, se outra vantagem não houvesse, ao mesnos abriria-se espaço para novos candidatos, imaginem que alguns "nobres políticos" estão no Congresso Nacional há décadas...um verdadeiro assinte e continuísmo que impede que as coisas se modifiquem.
Esses mesmos caciques, sanguessugas do dinheiro público ( são pagos com nossos impostos ) são aqueles que entravam toda e qualquer mudança apelando inclusive para as manobras regimentais...
Então, caro amigo eleitor...tenha qual tenha sido o resultado destas eleições, saiba que se votou em um dos campeões de voto, você ajudou a eleger quem nem sabe que existia.
É muito engraçado ver as pessoas na internet fazendo campanha eleitoral, repassando todo tipo de boataria , acreditando no que querem acreditar, porque parte da mídia e mais um bando de boateiros na internet adora criar pânico sobre candidato que não é o seu.
Engraçado porque essas pessoas que gastam horas e horas repassando boatos sobre este ou aquele candidato são os mesmos que "destestam política" e acabam elegendo vereadores e deputados sem nem saber.
São pessoas que , devido à sua índole avessa à politica partidária, deixam de se interessar pelos mecanismos eleitorais e portanto acabam sendo manipuladas a bel prazer dos espertalhões de sempre.
Para mudarmos nosso país, não basta votar em presidentes, governadores e prefeitos...talvez isso seja até menos importante do que escolher corretamente os representantes do poder legislativo,
justamente ao que menos damos importância e não "coincidentemente" o que menos ocupa os holofotes nas eleições.
Lembrem-se...o executivo depende da aprovação do legislativo para conseguir implantar as mudanças que achar necessárias.
Não vivemos em uma monarquia onde a vontade do presidente/governador/prefeito é a lei...é preciso negociar exaustivamente num "toma lá dá cá" que nem sequer imaginamos.
Queremos mudar o Brasil?
Mudemos nossas atitudes em relação à política...só assim,conscientes de nosso papel, podemos eleger quem realmente nos represente. Senão o que nos resta é "brincar de eleitor frustrado a cada eleição"
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Arandu, 03/10/2009