Do Avesso
É uma pena que a cultura, o homem, a mulher e a vida, estejam nivelados tão por baixo.
Revolta-me olhar a sociedade ao redor ajoelhando-se diante de um pedestal de ignorância, descaso e falta de conhecimento do que é viver de verdade. Nada mais tem valor.
A mídia cria estereótipos do avesso que são cultuados e adorados como deuses e todos desejam ser iguais. Olha-se só para o dinheiro, para o comércio do corpo, do amor, e até da alma - como se essa pudesse ser vendida.
Tenho minhas dúvidas se algum dia alguma coisa vai mudar. A tendência é piorar.
Eu?
Só quero adorar a Deus, amar e ler os poetas. Quero rir e cantar com suas poesias de amor e chorar com os adeuses que me dão todos os dias quando percorro alada as linhas de seus livros de milênios.
Quero dançar por entre as letras de suas poesias e me esbaldar no mel de suas melodias. Ser feliz de verdade com a luz que emana das cores de suas poesias. Só isso que ainda peço, já que a vida me negou o outro tanto que eu queria.
Quero ter a certeza de que, pelo menos as minhas vivências, o mundo que eu criei, esse, esteja arrolado na primeira página do livro da minha vida e seja um caminho de luz, de paz e de felicidade, que um dia seja aberto pelo broto dourado da rosa de amor e orgulhosamente carregado para o futuro, para a herança: as sementes da semente da flor.
Quero ser forte prá continuar a fazer o meu canto e, dele, encher de amor e ternura o céu e a alma de um coração que me ama, colorir de retalhos de paixão a colcha de minha vida e sonhar que um dia, só um, eu possa tocar e sentir a textura dos raios de luzes do sol.
Porque se não puder fazer isso. Se nem sonhar os sonhos que sonho em meus sonhos eu posso fazer, então prefiro entregar as chaves de meu caminhar ao guarda do portão da morte e entristecida de dor, me atirar na tumba, para que os mortos venham, viva, me enterrar...