Do grito à libertação...
Eu mastiguei a insensibilidade lentamente, apoiei minha nulificação, mantive os passos no ritmo progressivo da paciência auto-destrutiva. Fingi não acreditar em ilusões enquanto estas me devoravam aos poucos por dentro. E eis que não consigo mais restituir a anatomia dos meus sentimentos. Fui protagonista consciente da minha fragmentação.
Por meses, percorri cada detalhe do espelho minuciosamente. Subitamente, compreendi: eu não estava mais em mim. Um auto-horror se apossou do que restava do que se podia chamar de eu(s) e, assim, eu dei minha mão à insanidade essencial. Deixei ela me guiar. Me dei o direito à liberdade. Me dei a mim mesma.
Gritei, parada, em frente à janela... mas, desta vez, foi do lado de fora.
Depois de muito, sinto que estou respirando com a alma.