O 1º livro
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão-cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É gérmen - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
(Castro Alves).
Eu contava com 7 ou 8 anos – não sei ao certo, pois longe vai no tempo os meus 7 ou 8 anos... Rs – quando meu pai chega do trabalho com uma novidade: um presente para mim: um livro! O livro era um clássico de Júlio Verne: “A Volta ao Mundo em 80 dias”.
O livro tinha algo atraente para qualquer criança: além de letras tinha figuras. Como toda e qualquer criança, eu não tinha uma disciplina de leitura, uma vez que estava sempre envolto em vários compromissos (jogar bola, brincar de pião, correr com carrinho feito de lata de leite ninho, etc) – uma agenda cheia... Rs. Mas, lia e lia porque gostava. Qual criança que leu este livro não se encantou com as aventuras de Philias Fogg?
Ah! E como foi importante para mim este incentivo à leitura. Passei, a partir de então, a me interessar mais por literatura, por livros, por autores. Claro que, anos depois, pude assistir na televisão a versão de “A Volta ao Mundo em 80 dias”, mas não é a mesma coisa. O livro tem o mérito de mexer com a imaginação do leitor, fazendo-o explorar lugares, a vislumbrar situações, a visualizar pessoas que só é possível por meio do imaginário.
Isto sem falar, é claro, que por meio da leitura o indivíduo enriquece-se culturalmente, espiritualmente, evoluindo individualmente, o que tem reflexos não só para si, mas, também, para a sociedade, uma vez que uma pessoa culta tem mais possibilidades de mudar o seu destino e influir no de sua sociedade. É o olhar para o Sol e abandonar a visão da parede da caverna, como demonstrou Platão, ou seja, sair do lugar-comum e descobrir um mundo novo.
Lendo este clássico de Júlio Verne eu ficava a imaginar os perigos nas selvas africanas, os combates com os antípodas asiáticos, os passeios de elefante na Índia, os rituais dos ameríndios, os animais da Amazônia... Enfim, descortinava-se diante de mim um mundo rico em culturas, povos, lugares, aventuras.
Já li muito, principalmente os clássicos: Júlio Verne, Agatha Christie, Cervantes, Shakespeare, Machado de Assis, dentre outros. Gosto dos mais variados aspectos literários: poesia, contos, crônicas, romances, etc. Alguns livros e autores me impressionaram, tais como: Memórias Póstumas de Braz Cubas, onde Machado de Assis conversa com o leitor; Eu e Outras Poesias, onde Augusto dos Anjos aborda de uma forma crua e original as principais indagações humanas; Angústia, onde Graciliano Ramos mostra a realidade social de uma forma contundente, tornando o livro merecedor do titulo que tem; Ensaio sobre a Liberdade, onde John Stuart Mill demonstra a importância para o homem e para a sociedade deste direito individual, dentre outros.
Mas, coube a Júlio Verne ser-me o anfitrião deste mundo abrangente, rico, singular e fantástico que chamamos de Literatura.
(Danclads Lins de Andrade).