O SEGREDO DO LIXO ^ ^=^ ^
O segredo do lixo
Nada não é nada nessa vida, pois tudo faz sentido. Foi assim, pensando que seria algo sem importância que conheci o meu amor.
Eu morava no apartamento 109 do prédio das Lendas no centro do Rio de Janeiro. Olhando distraidamente pela janela vi um caminhão baú parado enfrente ao prédio descarregando móveis e caixas.
Vi um homem aparentemente bonito, alto nem gordo nem magro, nem tão pouco musculoso, normal. Moreno claro cabelos negros... Ele falava ao celular e fazia sinal para que levassem as caixas com cuidado. Minutos depois o homem sumiu. De repente ouço barulhos vindos do corredor, olho pelo olho mágico e vejo que a mudança é para o apartamento de frente o meu, então vi o tal homem que ainda falava ao celular, era mais bonito que eu pensava, era lindo! Mas, deixa pra lá vai que é casado.
Dias e dias se passaram, ainda não tinha nos visto de perto, eu ficava suspirando pelos cantos por ele, mas não tive coragem de me apresentar, pensei ; bem que ele poderia me pedir um pouco de açúcar, ou pó de café, ou gelo... Sei lá. No entanto nesses dias deu para eu perceber que ele era solteiro, trabalhava durante o dia, e não saia muito a noite. Soube que ele gostava de suco de laranja, pizza aos quatro queijos, pudim de leite, café meio amargo, cerveja, vodca e Jim, também descobri a marca das meias, das sungas e do presto barba, o creme de barbear e a colônia, o sabonete a marca da escova de dente e fio dental, xampu...
Numa bela manhã recebi uma linda cesta, com tudo que eu gostava de comer e usar, até rosas brancas com flores do campo amarelinhas, meus doces preferidos, meu chocolate com amêndoas, meu lenço de papel super macio, hidratante, meia fina fumê, chicletes de menta, refrigerante, e um kit de sombras e batons do mesmo tom daquele que acabou o mês passado... Junto um cartão dizendo; - Oi vizinha, podemos ser amigos? Sem pensar muito tempo fiz uma cesta a altura, com tudo que ele gostava e usava, enviei com cartão dizendo: - Obrigada! só para retribuir, podemos sim.
Então marcamos um encontro no banco da praça em frente ao prédio.
Olhando em meus olhos ele disse: - Sei quase tudo sobre você, só não sei seu nome...
- Gláucia, e o seu? – Eduardo.
Sorrimos sem saber o que dizer, pois nossas vidas não tinham segredos já que havia sido revelados nos nossos lixo do dia a dia.
Lediene Nunes