COMER REZAR AMAR

E ASSISTIR

Confesso: gosto de filmes românticos, gosto ainda mais da Julia Roberts. Acho que ela é mais do que um rostinho bonito, aquele sorrisinho clichê e o beicinho; de fato, ela é uma grande atriz, oscarizada e já com bastante estrada para ter o CV que tem. Confirmo: tenho medo de filmes baseados em livros. Assisto sempre com desconfiança, porém, sei que é preciso certas liberdades de texto, algumas mudanças para que o roteiro consiga levar o que foi escrito para o terreno das imagens, da interpretação dos atores e todo e tudo mais.

Por isso é que torci para que o “Comer Rezar Amar” fosse bom, que não apenas conquistasse o público por um romantismo apelativo, e eis que o filme realmente me surpreendeu, não só pelas belezas das paisagens italianas, indianas e indonésicas, mas principalmente, por também mostrar um tanto de realidade: a Índia no filme é tudo menos a Índia da Gloria Perez.

O filme mostra Julia como Liz, uma escritora que, após o fim de seu casamento com o sonhador e indeciso Stephen (Billy Crudup) e de um breve romance com o jovem e inexperiente ator David (James Franco), decide viajar pelo mundo com o objetivo de encontrar a si mesma através dos verbos que dão título ao filme. Ela, a partir daí, se entrega aos prazeres da gula na Itália, busca espiritualidade na Índia e romance em Bali. Em suas jornadas, encontra pessoas que farão a diferença em sua vida e que ajudarão a moldar suas experiências.

Sim, é a velha jornada do herói, com todos os clichês que o gênero pede e permite. Filme pipoca, dirão muitos; água com açúcar, gritarão outros; mas é nisso que o filme é bom, pois nos permitir embarcar nesse drama que todos nós já vivemos, quase novela-mexicana de lágrimas, risada e satisfação que todos nós já passamos na vida. O filme permite essa catarse, e o público embarca nela, com facilidade. E nisso o diretor Ryan Murphy (que faz também o delicioso seriado Glee) consegue nos levar facilmente, conduzindo a audiência, para o não desfecho surpresa, onde a gente finge que se engana e que não sabe que o filme terá um final feliz, até que ele tenha.

Não, nem tudo é perdão: Javier Bardem em cena tentando ser brasileiro com o seu Felipe, falando um português que soa meio canhestro, dificulta a verossimilhança. Porém, vamos dar um crédito, já vi filmes americanos com atores falando mexicano em solo brasileiro. Eles estão melhorando...

Vá ao cinema. Recomendo!