A HORA DO SIM (OU NÃO?)
O casamento? Coisa doutro mundo. Festa pra mais de mil. Buffet da moda. Local? O clube mais badalado da cidade. Ela vestida pela “Boutique da Noiva”, coisa finíssima. Orquestra “importada” da capital. Carro nupcial modelo antigo, vindo de fora especialmente para a ocasião. Convidados elegantérrimos, vestidos a rigor... Nossa, puro charme! Hora do sim! Sim ou não? SIM!
Filmagens hollywoodianas. E fotografias! Mil poses, pra cá e prá lá. Foto abraçados, foto em pé, foto sentados, foto dançando! Ele querendo apertá-la. Ela o afastando pra não sair amassada. Agora perto da piscina! Isso, olhar romântico, fingindo que olha a água azul. Ficou bom? Não? Bate outra. Não dá pra perder. O noivo meio cansado. Ela o arrastando. Só mais uma meu bem! Os braços entrelaçados, as taças de champagne...
Lua de mel? Europa. Uma lista enorme de países. Tudo organizado pela eficiência da “Encantos Turismo”. O guarda roupa novo especialmente comprado. Recém-casados aos beijinhos no aeroporto. O voo partindo de São Paulo. Pais chorosos se despedindo “Felicidades, queridos!”. Ai, como é bom! Filhos casados, missão cumprida, né não?
Quinze dias! Ai, que saudade, mamãe, que saudade papai! Beijinho pra todo lado “Tudo bem por aqui?”. "Tudo, Fany! Ué, cadê o Gu?”. A bolsa atirada no sofá, a expressão subitamente enfurecida “Sei lá daquele idiota!”. O pai chocado “Stefany Sophia, cadê o seu marido?”. Ela dá de ombros, faz um biquinho. Dispara à queima-roupa “Tá lá na casa da mãe dele! Ah, pai, a gente se separou, viu?”. O quê? Ela com ar de enfado “Isso mesmo! Não dou conta dos roncos do Gustavo Augusto!”. Seu Arnaldo conhece Fanyzinha. Vai ligar pro advogado. Fazer o quê? Tratar do divórcio, né?