Nada rima com meu sonho


Outro dia dei com os olhos num texto de um velho conhecido das letras e ele, que trabalha para um partido político, enaltece em seu canto, uma outra pessoa, de outro partido. Até aí nada de mais, pois mamãe dizia que de onde se ganha o pão não se come a carne.

Mas e o sonho dele? e o meu sonho? Gente! E o sonho dos meus filhos adolescentes? Está difícil encontrar uma rima certa para os meus sonhos, uma vez que de um lado eu vejo o embuste da propaganda eleitoral enganosa, que utiliza-se da máquina administrativa para amealhar votos com o despudorado sistema de bolsas de todos os gêneros e tamanhos.
 
Já presenciei com esses meus lindos olhos que a terra certamente comerá, uma porção de mães e avós na fila gigantesca da rematrícula escolar com um único objetivo: - conquistar a bolsa família. E o aluno? Fica na escola por no máximo dois meses e depois some pelos becos das favelas com sua pedrinha no bolso. Não quero mais esse sonho, não quero pagar por todas essas bolsas que eu não pedi para fabricar.
 
E do outro lado vejo passarinhos em cima do muro esperando uma derrapada da massa populista que detém o poder, para cair de pau sobre o assunto com seus grandes bicos afiados, pensando que assim reverterão a ordem das pesquisas de intenção de voto.

Nada mesmo rima com meu sonho. O sonho de escolas públicas com professores bem remunerados, com alunos bem alimentados com outra coisa que não seja aquela "gororoba" que as cantineiras servem. Meu sonho de um sistema de saúde que funcione, no qual não seja necessária uma fila que aguarda mais de dois anos para uma artroscopia. Crianças em profusão nas bibliotecas escolares, procurando a leitura, mesmo que seja a fácil.

Nada mais combina com meu sonho, especialmente aquele sonho de ver o meu País melhor e mais justo.

E eu que já tive aqueles dois JOSÉS como meus ídolos políticos, tenho engulhos ao lembrar do gerenciamento do mensalão e da total passividade do reizinho populista que num “faz de conta que eu não sei de nada” continuou vociferando com seu linguajar diminuto e sibilante sobre a sua fábrica de bolsas que herdou daqueles antigos heróis do neo-liberalismo.

Não há rima para o meu sonho, não há cor nem magia que me dê um poema bonito e nem que eu me cubra de verde, vislumbro a esperança de dias melhores para o meu Brasil varonil.

Mas... preciso ir às urnas pois sou obrigada pela lei e pelo meu desejo de fazer a diferença e, não adianta tossir nem vociferar como deseja meu velho amigo. O jeito é votar no menos ruim, porque o grande problema desse 3 de Outubro, é a falta de opção para rimar com aquilo que eu sonho.
Lili Maia
Enviado por Lili Maia em 01/10/2010
Reeditado em 01/10/2010
Código do texto: T2531827
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