QUEM PODE, PODE. QUEM NÃO PODE SE SACODE
QUEM PODE, PODE. QUEM NÃO PODE SE SACODE
Um governador e sua turma de comparsas rouba em Brasília. Finge-se que foi preso até cair no esquecimento e depois é visto passeando pelo centro da capital apertando a mão de pessoas que, só pode ser por isso, vislumbram a possibilidade de tirar proveito de uma benesse qualquer ou são da mesma laia.
Um jovem deputado que já perdera a carteira de habilitação, da qual não precisa por ter cometido outros delitos, alcoolizado e armado com seu carro em alta velocidade, muitas vezes acima da máxima permitida, degola um rapaz que vislumbrava futuro promissor, seguindo caminho diferente e muito mais difícil (os bancos das escolas) do que o do seu privilegiado assassino, garantido pela desaforada imunidade parlamentar que concede incoercibilidade a senadores, deputados federais e estaduais (eles só podem ser presos em flagrante e por crimes inafiançáveis). Assim, se quiser matar alguém, contrate um parlamentar.
Parentes e amigos de juízes e promotores usam o benefício da proximidade e engendram enredos maquiavélicos para se livrarem de um estorvo, qualquer que seja, até um filho que atrapalhe a vida amorosa. Às vezes são punidos, mas sempre se dá um jeitinho de abrandar a pena, afinal eles não são iguais. Para os outros, muitas vezes, apenas a suspeição dá cadeia. Que justiça é essa que faz a diferença entre os homens?
Por causa da possibilidade de uma casta legislar em causa própria, e de ganharem outros privilégios, muitos querem ser políticos, mesmo que não saibam o que e como vão fazer. Aliás, isso é o que menos importa. Afinal, quem pode, pode. Quem não pode se sacode.