Xadrez é terapia
Muito pouco se fez pelo xadrez no Brasil em se falando dos meios de comunicação. O primeiro campeonato brasileiro foi realizado apenas em 1927. Quem já ouviu falar no primeiro campeão e no primeiro vice-campeão de xadrez do Brasil? O campeonato ocorreu na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. O vitorioso foi João de Souza Mendes contra Vicente Túlio Romano.
Tento adivinhar as razões. Certa necessidade de se escamotear um complexo de inferioridade nascido da ideia de que xadrez é uma ocorrência de elite. Para poucos. Multidões jogam peteca e futebol, nunca xadrez. Preferem antes se lançar ao divertido jogo de damas. São argumentos frágeis porque levam a discriminação de algo absolutamente consagrado em todas as mentes esclarecidas do globo e talvez até fora dele. O único erro dos astronautas ao pisotearem a lua foi o de não terem jogado uma partida de xadrez lunar. Relegando uma ocorrência que, se acaso não existisse, jamais levaria a humanidade a lugar algum.
Nossa mente é essencialmente um modelo da estrutura das combinações, das variantes de cada lance até o ponto fatal. De origem desconhecida, muito embora se conheça os rudimentos mais remotos. Chego a dizer que não parece ter sido criado pelo homem. Ou melhor, teria havido um primeiro homem fundamentalmente e absolutamente mais sábio do que os demais. Que desapareceu deixando apenas o xadrez como rudimento de sua extraordinária visão. Não coloco os extraterrestres ou nenhuma figura mítica porque deposito na humanidade os caprichos da evolução.
Mas o desconhecido é matéria básica das nossas ilusões. O preconceito contra a produção intelectual se baseia no fato da grande maioria progredir partindo do suor da força bruta. Talvez se explique a necessidade de fruição das massas partindo de esportes radicais. Porém a evolução humana se deu com a mente em variações inéditas sobre a mesmice imposta. Isso é xadrez. A fábrica esplêndida de momentos impressionantes.
Vai aqui um grande abraço ao quase desconhecido Campeão Brasileiro de xadrez, detentor do grande título concedido pela FIDE em 2009, André Diamant. Ele que espere uma oportunidade e lhe darei um bom mate. Sonhar não custa nada.
Há pouco tempo o garçom Rodrigo me viu com um livro de dois grandes mestres que são o Gerson Peres Batista e Joel Cintra Borges e me disse que estava sentindo falta da terapia.
- Que terapia?
- Do xadrez.
Explicando que uma professora lhe ensinou a jogar e ele uma vez por semana ia até a sua casa para praticar. Isso lhe proporcionava um grande alívio as suas dificuldades. Grande professora! Grande Rodrigo! Grandes enxadristas!
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