Solidão

“Viver é bom, nas curvas da estrada, solidão que nada”.

“As cortinas transparentes não revelam o que é solitude, o que é solidão...”.

“Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me caí bem”.

É sempre ela, indesejável, a bater periodicamente na porta. É sempre ela que invade as noites e sussurra pensamentos insanos nos ouvidos frágeis, engrandece nossos receios, exalta o que somos e a seguir nos lança em abismos intermináveis. Nos apresenta os vales do eu, caminhos ocultos da mente, espinhos em formato de amarguras do passado, raízes de medo que nos negam o futuro. Quem já não esteve sozinho, talvez até mesmo desamparado? A solidão é mais uma dessas palavras que dispensa consultas ao dicionário, estar sozinho é sentir-se só... É estar isolado da presença dos outros, mas ao mesmo tempo é estar ilhado em meio aos outros. Essa dualidade seria cômica se não fosse trágica... Sim, trágica, porque a solidão nos devora lentamente. Ela é tão cruel como uma esposa maldita, capaz de dormir conosco, acordar conosco e presenciar nossos mais frágeis momentos sem a menor piedade. Contudo, será possível estar sozinho é sentir-se pleno? Bem, esse estado tem nome e chama-se solitude. Representa estar sozinho, mas sentir-se em paz, ou num instante de reflexão pura, sem dor. Mas, como alcançar esse estágio, melhor como vivê-lo com mais frequência em um mundo em que desamparar se tornou moda?

Caro leitor, eu que falo tanto às vezes sinto-me pesado por trazer mais perguntas que respostas, mas talvez as verdades inteiras nem existam mesmo. A sua provavelmente pode não ser a minha. Escrevo porque me sinto só, o mundo é um mar de gente, um mar de águas turvas e estou ilhado. Isolado tentando enviar correspondências, tentando entender o porque sinto tanto frio e fome. Talvez eu seja diferente e por isso não me dão espaço, afinal, recusam tantas coisas, tantos fatos claros... Bem, pulando fora das minhas metáforas tenho uns amigos e sou grato por tê-los, mas também estão ilhados, estão taciturnos e ao contrário do poema de Drummond já não nutrem grandes esperanças. São persistentes, mas estão cansados.

Como vencer a solidão, como sair da ilha? O que representa a sua ilha? Voltando a questão das respostas, essas somente vocês podem encontrar, caros leitores. As minhas rs... Sou apenas um filosofo louco, sem teses e nem métodos...Minha mente é uma quebra cabeça de verdades, são tantas peças. Tantas “verdades” que se opõem, que fica difícil me achar. Estou sozinho, em relação ao amor se possuo alvos, já perdi os dardos. Estou sozinho, sozinho enlouqueço, sozinho produzo minhas jóias raras. Então, talvez a solitude não seja um estágio tão complicado de se alcançar. Boa sorte a todos, desejo que ao lerem este texto ao menos se sintam menos sozinhos.

Buendia
Enviado por Buendia em 01/10/2010
Código do texto: T2531281
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