O PALHAÇO SEM CIRCO
(Sócrates Di Lima)
 
Um dia, ao final da tarde,
A estrela do circo anunciou que em vôo, cortaria o céu,
E o seu porta-voz escreveu num encarte,
Que sua estrela iria para o Monte do Véu.
 
E lá se foi a grande senhora,
Na sua viagem tão linda, mas nem tanto esperada.,
E vindo do nada, Ali do lado de fora,
O palhaço preparava sua chegada.
 
E chegou, quando ela já tinha saído em viagem,
Certo de que no circo não a encontraria.,
E sorrateiramente como um Zé ninguém,
Deixou um escrito como se alguém o leria.
 
E felizmente, quem o leu, nem se importou,
Pois, quando a estrela partiu, a lona baixou.,
E o  circo sem espetáculo, não funcionou,
E o palhaço que tanto queria se mostrar, se ferrou.
 
Não tinha ninguém para ver sua palhaçada,
Nem crianças para sorrir.,
E na porta do camarim seu bilhete não significava nada,
E o pobre palhaço nem seu riso pode ouvir.
 
E lá ficou o bilhete por alguns dias,
E como ninguém deu importância.,
Perdeu-se sem sentido, pelas ventanias,
E o pobre palhaço se perdeu na sua insignificância.
 
Com a lona baixada,
O circo sem sua estrela principal não correu risco,
Fechado ficou, e o palhaço resmungava lá fora, na calçada,
- Esta é minha sina, sou um palhaço sem circo.

(Monte do Véu - 30/09/2010 - Registrada)

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 30/09/2010
Reeditado em 01/10/2010
Código do texto: T2530781
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