Minha cachorrinha Gaby

Me lembro como se fosse hoje, aquela coisinha pequena, uma bolinha de pelos e carrapatos, entrava na nossa família, durante uma semana tentamos escolher um nome, até que olhei pra ela e disse "você tem cara de Gaby". Estava decidido o novo membro da família, nossa cachorrinha, marrom com o peito e as patinhas brancas, e um cotoco de rabo que sacudia quando cada um de nós se aproximava, seria chamada por Gaby, ou Gabryela quando aprontava alguma peraltice. Ela costumava correr saltitando como um carneirinho, demorou a latir, mas quando aprendeu, se tornou insuportável. Vivia nos olhando com aquele olhar carente, pedindo comida, carinho, ou quando pegava sua bolinha, pedia pra que jogássemos para ela ir buscar e depois ficar medindo forças conosco, tentando tirar dela a bolinha. Sempre foi frágil, mas também muito forte, temia os trovões, que mal ameaçavam ressoar, e ela já estava na porta da sala pedindo socorro, vivia correndo atrás dos gatos, que insistiam em invadir seu território. Lembro quando ela pegava um tapete e saia correndo, quase tropeçava, arrastando o pedaço de pano pra lá e pra cá. Era uma comilona, assim como seus donos, adorava doces, principalmente bolo, e esse foi o meio que encontramos para dar-lhe o remédio contra epilepsia, coitadinha, quando ficava nervosa tinha ataques convulsivos, que nos assustavam muito, mas nunca foram graves. Adorava tomar sol pela manha deitada no portão, e simplesmente nos ignorava se a chamássemos, tinha atitudes muito humanas para uma simples cachorrinha vira-latas, sempre entendia o que falávamos, mas também só escutava o que queria, tinha personalidade a danadinha. Seu prato preferido era o frango assado aos domingos, amava os cafunés matutinos que meu pai lhe fazia, também gostava de deitar de barriga pra cima, para que minha mãe varresse sua barriga, e sempre fazia meus pés de travesseiro, e ficava me olhando. É estranho pensar a amanha ela não estará deitada no portão tomando sol, ou em pé sobre as patas traseiras, se apoiando na porta da cozinha, pronta a receber o carinho de meu pai, e nem deitada de barriga pra cima, recebendo uma gostosa varrida na pança toda sorridente. Durante oito anos, ela esteve presente nos nossos dias, marcando sua presença em todos os momentos, com certeza foi uma cachorrinha feliz, nos fez muito felizes, agora repousa, não sofre mais, lutou até o ultimo suspiro pela vida. Uma parte de nós se foi, pra um lugar melhor certamente, onde ela poderá comer todos os frangos assados que quiser, correr saltitando, e tomar seu banho de sol... Gaby!

Poeta Denis
Enviado por Poeta Denis em 30/09/2010
Código do texto: T2530679
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