Círio, outra vez...
Pouco mais de uma semana nos separa do dia 10/10/2010. Vejam que data interessante. A repetição do número dez. Superstições a parte, é um dia “DEZ”. Lindo, como diria Caetano.
Segundo domingo de outubro, Dia do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.
Graças e louvores a ela sempre.
O povo paraense, quase todo aquele que professa uma fé, ainda que não católico ou não católico praticante, envolve-se deveras com essa festa, celebração.
Para nós, é uma data não só de festiva, mas de reflexão, íntima reflexão, tal qual são os dias do Ano Novo, do Natal. Refletimos,festejamos,dividimo-nos entre um imenso rol de ritos religiosos, ícones do Círio, e o lado profano da festividade. Corremos daqui para ali. Arrumamos casa, nos arrumamos, recebemos pessoas de todo canto, participamos de uma roda-viva cultural, a comida é especial e de primeira. Os ares, sabores, sentimentos, tudo enfim são especiais e únicos. Paraense que se preza, mesmo o pouco crente, se envolve com a alegria que é própria da festa em si.
O humano que extravasa nestes dias, especialmente quando das procissões que levam a imagem peregrina a vários recantos, é algo que estarrece, provoca admiração, e muita emoção. Nada parece tão gigante como a crença e a fé do povo, nestas ocasiões, nem os milhões de pessoas presentes, nada é tão vultoso e agigantado como o amor expresso nos olhos brilhantes do romeiro que estende as mãos de onde quer que esteja ou coloca-se de joelhos e ora amorosamente a sua mãezinha.
Mãe, mãezinha, é assim que nos dirigimos em pensamentos e palavras a Virgem de Nazaré. Cremos que piedosa, ela nos acolhe enquanto filhos, e cuida, sem distinção de cada um de nós.
Há que agradecer, pedir perdão e muito orar. A pequenina imagem, na berlinda, meio a um oceano de pessoas, é como um raro cristal luzindo na escuridão da tempestade.
Diria que, um Círio se acende dentro cada um de nós, em cada coração, em todos nós, estejamos como estivermos, um raio da luz que dela emana chega e renova, reascende chamas que por vezes, muitas vezes, estão apagadas em face de tanta dor e sofrimento, tantas pedras e espinhos pisados.
A mãe carrega, acolhe, abraça, consola, e nos deixa renovados. Com força e garra até que outro Círio chegue!
Por isso, por essa razão, o grito de guerra aqui por essas terras tupiniquins e das mangueiras neste período é:
– Viva Nossa Senhora de Nazaré!
– Viva! Viva!