Don Juan Caipira-

DOM JUAN CAIPIRA

Doidão por um rabo de saia

Germano era um pequeno agricultor de mais ou menos sessenta anos, que morava próximo a uma cidade do interior do Espírito Santo. Era magrinho, porém, cheio de vitalidade. Levantava cedo, tomava seu café e ia direto para a roça distribuir serviço para seus empregados. Sua mulher Conceição, um pouco mais nova, era igualmente dedicada aos afazeres domésticos.

Germano tinha uma fama, era bastante assanhado com as mulheres. Tinha um “Jeep” verdinho que o levava à cidade todos os fins de semana. E nessa oportunidade, passava pela Rodoviária para ver se tinha alguma carona especial.

Certo dia, Germano passou pela Rodoviária para ver se havia alguém para apanhar. Naquele dia deu sorte. A filha de sua comadre Sebastiana; Rosa, estava no Rio de Janeiro há muito tempo e resolveu visitar a mãe no interior e trazer-lhe alguns presentes.

Rosa estava na plataforma da Rodoviária, pela manhã, rezando por uma carona e viu Germano no seu “Jeep” e acenou. Germano parou com muita satisfação para pegar Rosa. – Essa carona caiu do céu, - pensou Rosa. Mas a mocinha não podia imaginar o que se passava pela cabeça do agricultor.

Da cidade até a casa de Rosa, perto da propriedade do Germano, tinham dezoito quilômetros. Germano pegou Rosa e deveria subir a serra que dava acesso a sua propriedade, mas seguiu por outras estradas, horas e horas. Rosa estava muito bonita, sapato novo, vestido de seda e perfumada, do jeitinho que Germano gostava. Não resistiu por muito tempo.

Depois de dar tantas voltas sem chegar a lugar nenhum, já havia se passado seis horas e Germano resolveu dar mostras de suas intenções.

Numa curva da estrada, parou o “Jeep” e ensaiou a cantada fatal, porém, de tão nervoso que estava, as palavras não saíam de sua garganta. Germano gaguejava, espumava:

- Rosinha, você.... está.... tão bonitinha, tão cheirosinha..., eu tô gamado...,nem chegou a completar a frase.

Rosa, percebendo as intenções do Don Juan, saiu do carro, mas Germano seguiu-a grudado em sua saia.

-Rosa, não vai embora, insistiu.

A moça foi até a carroceria do “Jeep” e pegou

sua mala, mas Germano segurou a alça a fim de detê-la. E assim os dois ficaram, puxando a mala cada um para um lado.

- Deixa minha mala seu safado. Vou falar com madrinha Conceição o que você está fazendo.

Mas Germano estava possesso, não soltou a mala e insistia para que a moça ficasse com ele. Mas para a tristeza de Germano e alegria de Rosa, passava pelo local um casal noutro carro. A moça aproveitou para pedir socorro.

- Ei, socorro moço. Ajude-me – pediu a moça.

O casal parou o carro e para sua surpresa, eram velhos amigos.

- Ei, seu Germano, o que senhor está fazendo com esta moça?

- Bem, bem, estou dando uma carona, ela é minha vizinha.

- Não, é mentira, este safado está rodando desde as nove horas e agora resolveu se mostrar. Quero ir pra minha casa, mas livre dele – disse a moça.

- Não, ela é minha responsabilidade, tenho que levá-la para a comadre – reagiu Germano, com muita raiva.

Nisso, outras pessoas foram surgindo e por sinal, conheciam o Germano.

- Olha seu Germano, toma vergonha nessa cara e deixa a moça ir embora – disse um dos que chegaram.

- Quero ir com este casal, não entro mais no carro desse tarado.

Depois de muita discussão e muitas “negociações” o Don Juan de Araque resolveu libertar sua presa para o casal conhecido que a levou até a cidade mais próxima para tomar outra condução.

Germano ficou plantado lá na estrada resmungando e babando de raiva por ter perdido aquela jóia tão preciosa.

ateleszimerer
Enviado por ateleszimerer em 30/09/2010
Reeditado em 14/10/2010
Código do texto: T2529497