Bom domingo.

Domingo temos eleições. Longe de me sentir parte de uma "festa democrática" me sinto mais como um escravo forçado a participar das fetividades religiosas do senhor de engenho. Ou como índio que ia entrando na Igreja dos Jesuítas sem saber que estavam prestes a morrer de gripe, cólera e sujeira.

Me sinto aviltada na minha condição de cidadã. Me sinto indignada, é a verdade.

Por que eu seria forçada a votar em candidatos que não me dizem nada, em quem não acredito, mesmo que suas flas estejam recheadas de boas intenções? De boas intenções está cheio o inferno.

Já não basta que eu tenha que pagar impostos? Que para morara na minha casa tenha que pagar uma fortuna de IPTU? Que para ter carro tenha que pagar outra fortuna de IPVA? Em breve pagaremos para respirar o ar...aliás, já o fazemos, quando pagamos o plano de saúde, que nos livra das rinites e sinusites que adquirimos por obra e graça da poluição.

Sim, eu estou absolutamente derrotista, não tenho esperança nenhuma em melhora nenhuma que possa haver. O que vejo é um desfile de candidatos que, se já estiveram em cargo público, ficam alardeando "feitos" de sua administração, como se não fosse obrigação deles fazerem o que são pagos a fazer, mas sim um grande favor a nós, brasileiros que os pagamos. E os que não tiveram cargos públicos, prometendo "mundos e fundos" que não farão, ou porque são só promessas, ou porque as outras instâncias do poder a que se aliam para "ganhar" não vão permitir.

Não, não quero votar em Dilma, com aquela cara de Chuck o boneco assassino, nem no Serra que de repente virou "povão" e "filho de feirante", nem na Marina que esteve cara a cara com a corrupção e ficou bem caladinha e na dela, nem no Plínio que parece haver sido colega de turma de Tutacamon, nem no ilustre desconhecido Ei! Ei! Eimael e nem em outro que haja e eu nem saiba. Não quero votar no Renan Calheiros, senador que já foi pego com a "boca na botija" e que infelizmente é do meu Estado, nem na maluca da Heloísa Helena que no meu entender é uma sanfona (cheia de vento e zoada), nem mesmo no Tiririca - pior do que está não fica. Pior é que pode ficar infinitamente pior do que está.

Não, não quero votar de jeito nenhum, em seu "ningas", eu estou me sentindo uma grandecíssima imbecil por ser forçada a fazê-lo, estou me sentindo uma imbecil por ser brasileira, por brincar com a bandalheira na porta da minha casa.

Nada tenho contra os humoristas, rio com eles, acho bacana que o brasieliro saiba rir (senão morria de chorar e haveria suícidio em massa), mas eu, particularmente não estou achando graça nenhuma. Nenhuma graça, nenhum humor.

Estamos discutindo o futuro dos nossos filhos, netos e o nosso próprio futuro. Estamos dicutindo a violência crescente, o aumento absurdo dos gêneros alimentícios, a impossibilidade de usar o serviço público, a educação que não funciona, que faz que progridam de série alunos que nem sabem ler e que engrossarão o imenso contingente de trabalhadores explorados. Eu não vejo graça nenhuma nisso.

Bom domingo, povo. Bom domingo.