Crônica ou crónica, tanto tem

Na Galiza (Spain Kingdom) conhecemos a palavra "crónica" e o adjetivo "crónica", que valem tanto quanto as usadas no Brasil como "crônica" e "crônica". E os significados vêm a ser os mesmos. Segundo o Aulete:

A) "Liter. Breve narrativa sobre temas cotidianos e atuais [ + de, sobre: crônica de / sobre um bairro.]. [...].- 4 Hist. Narração de fatos históricos em ordem cronológica (crônica republicana). [ + de: crônica do império brasileiro. O gênero evoluiu, de relato verídico de eventos historicamente relevantes, a análise e comentários sobre temas correntes e cotidianos da sociedade, como os sociais, políticos, culturais etc.]" etc.

B) "1 Que diz respeito ao tempo.- 2 Med. Diz-se de doença que dura muito tempo.- 3 Mal que se repete indefinidamente. [ Antôn.: agudo.].- 4 Diz-se de paciente que apresenta doença crônica."

O étimo, para ambos os vocábulos é o gr. cronikós/á, pelo lat. chronicu/a.

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Bom, perguntará alguém, e a que vem esta citação de dicionário desnecessária? Nós já conhecemos as palavras e o seu significado...

Cara ou caro, vem a conto porque vou contar um conto como se fosse crônica de doença crónica...

Houve, no início, uma reunião de pessoas procedentes de diversas regiões lusófonas, mas de estados (constitucionalmente constituídos) diferentes.

E na reunião, logicamente, as pessoas falavam, entendiam-se em português.

Falou uma pessoa e disse bem. Depois falou outra e disse bem. A seguir falou uma terceira. E assim por diante. Até todas falarem e dizerem bem. Foi então que, acabada a reunião, uma pessoa, erudita e ciente de idiomas vários, que dantes se deprecatara estar em região lusófona mas de estado não lusófono, quis fazer notar que ela era muito respeitosa com o estado não lusófono embora a região fosse lusófona: E conversou com um cidadão desse estado não lusófono na língua não lusófona, apesar de o cidadão lusófono de estado não lusófono ter procurado conversar lusofonicamente com a pessoa decerto lusófona procedente de estado lusófono...

Aqui acaba a crônica que, como comprovariam, amigas e amigos, parece um pouquecho crónica, como doente da doença crónica que algumas pessoas lusófonas padecem relativamente aos cidadãos lusófonos desse estado não lusófono, mas em região lusófona, tão lusófona que foi, em tempos, a matriz da Lusofonia.