Emaranhado.

Os vários e urgentes estímulos que me chegam de toda parte promovem uma tal confusão que perco o fio da meada em uma época em que os fios não estão sempre visíveis.

É necessário ter foco, mas como escolher em que focar diante de tantos apelos?

A seleção já foi mais fácil. O mundo nos oferecia aos poucos seus temas. A vida nos fazia uma solicitação por vez. As verdades demoravam mais para não mais verdades serem, dando-nos tempo para aceitarmos o que se estabelecia na ocasião como definitivo.

Na pressa em vivermos agarramos o presente sem termos sequer resolvido conflitos do passado que retornam à baila misturados às novidades.

É ordem do dia o julgamento rápido. Negamos ou aceitamos na hora que nos apresentam um novo fato. Absolvemos e condenamos alguém mais rapidamente ainda. Tenho a impressão que julgamos na maioria das vezes erradamente.

A vida no início do século XXI é um mistério a ser desvendado no futuro. Estamos envolvidos demais para compreendê-la nesse exato momento. Falta-nos isenção e tempo para pensá-la.

Porém é preciso andar ainda que me ocorra de vez em quando uma sensação de que ando aos tropeços.

Estou tentando descobrir em que pontos meus fios estão presos, para soltá-los ou uní-los, de forma a dar fluidez a vida e entender pelo menos parte desse misterioso novelo.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 29/09/2010
Reeditado em 03/10/2010
Código do texto: T2527412
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.