CRÔNICA DE UMA MULHER CHATA
O título desta crônica é uma homenagem a um comentário "carinhoso" que recebi via e-mail e por outro lado, a expressão de uma realidade: chata é apelido! ;)
Quando decidi que teria um site literário não alimentei muitas expectativas por ser uma experiência completamente nova. A partir do primeiro mês, passei a observar um dado curioso. Apesar de todos os meus textos, sem exceção, basearem-se única e exclusivamente em criatividade ou experiência pessoal no meu dia a dia, ao vivo e a cores, recebi as mais diversas abordagens: cantadas mais ou menos "pesadas", perguntas sobre minha sanidade mental e até em qual escala de psicose eu me enquadraria.
Se, pelo menos, fosse neurose, poderia até, quem sabe, trocar uma idéia 'a la Woody Allen'. Entretanto, minha vida é de Fellini: então, um dia alguém perguntou se eu era "autista"! E li "artista"! Quase respondi que estava lisonjeada! E que ninguém entenda aqui nenhum desrespeito aos autistas (nem aos artistas!), pelo amor da Literatura!
No começo, confesso, foi tudo tão felliniano que apenas deixei fluir sem responder ou fazer qualquer movimento. Uma única vez acionei o suporte para orientação porque esse mundo virtual é a representação da realidade com um agravante: o anonimato. É claro que as pessoas anônimas se sentem muito mais à vontade para exercer suas fantasias e constranger os outros, mas no fundo, penso que o mundo virtual reproduz a personalidade em potencial do indivíduo.
E tive sérias dúvidas a respeito da minha capacidade em elaborar uma idéia num texto e, enfim, despertar a atenção para o que foi escrito, afinal supus que em um site literário seriam as criações a despertar o crivo dos comentários.
Desta forma, passei a compreender que posso estar sujeita a interpretações não apenas pessoais (isso é óbvio) mas personalizadas: uma pessoa pode "utilizar" o que escrevo para interpretar algo ligado a eventos que nada tem a ver com o que escrevi.
Se por ventura alguns dos meus textos parecerem qualquer outra coisa, além da livre exposição das minhas idéias, bastaria dizer que falar da vida pode levar a compreensões universais, comparáveis a outros eventos, mas alheias à minha inspiração, intenção ou vontade.
Então, "chata", para quem heroicamente conseguiu chegar até aqui, virou um elogio! E esta crônica! ;)
(*) IMAGEM: Google
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