PASSAGEIRO CLANDESTINO
Um estudante em apuros
Zeca saiu de sua cidade em Minas com destino a Escola onde estudava no Espírito Santo, distante setecentos quilômetros. Levava no bolso uns vinte cruzeiroPassageiro clandestino
s que sua mãe lhe havia dado para passagem e outras despesas. Chegou a Teófilo-Otoni, pegou o ônibus poeirento, cinco cruzeiros, ficando com quinze de resto. De Teófilo-Otoni a Valadares viajou mais cento e cinqüenta quilômetros, pegou a passagem e lhe sobraram dez cruzeiros. A essa altura sabia que não tinha mais poder de compra. Hospedou-se numa pensãozinha de terceira classe em Valadares bem distante da Estação Ferroviária; jantou, dormiu. No outro dia, na hora de pagar o trem e a pensão, optou pelo trem.
O quarto onde Zeca dormiu, tinha uma janela que dava para um beco que saía na rua. Foi a única forma que Zeca encontrou para sair da enrascada. Pegou sua malinha, pulou a janela, ganhou a rua, chamou uma charrete que levou à Estação. Por fim, estava com cinco cruzeiros no bolso.
Chegou à Estação e uma grande fila se formava para compra de passagem. Zeca entrou nela; quando chegou sua vez, perguntou ao moço do guichê:
- Quanto custa a passagem de segunda para Colatina?
- Oito cruzeiros, - respondeu o moço.
Zeca não tinha oito cruzeiros, tinha cinco. Saiu da fila e começou bolar uma saída.
A fila tornou a crescer e o trem prestes a chegar. Zeca entrou na fila novamente, esperou, - os minutos se passavam rapidamente, chegou novamente a sua vez. Perguntou ao moço que já o “conhecia”:
- Quanto custa a passagem para Conselheiro Pena?
- Quatro cruzeiros – respondeu.
- Quero uma passagem para CP – pediu Zeca.
Esperou o trem e embarcou com sua malinha. – “E agora José”. Ainda tinha um bom pedaço de chão para viajar, sem dinheiro suficiente. Mas seu plano já estava em andamento. Todas às vezes que o trem aproximava de uma cidade o guarda passava por todos os vagões perfurando os bilhetes. Seu bilhete podia ser perfurado umas duas vezes.
Zeca estava com fome, comprou um pão com salame e um guaraná. Saciou a fome e a sede. Naquele momento, ouviu o guarda que vinha perfurando o bilhete. Até ali, tudo bem, ainda estava longe de CP. O guarda perfurou seu cartão e o devolveu, pois ainda faltavam duas cidades para acabar seus direitos.
O trem ia se aproximando de CP e lá vinha o guarda novamente; bilhetes, bilhetes... Nesta altura, Zeca tinha que colocar seu plano em ação, senão tinha que descer em CP. Assim que o guarda aproximou-se do vagão, Zeca saiu de sua poltrona e foi para o banheiro. Sabendo que o guarda bate na porta e espera o passageiro sair, Zeca deixou a porta apenas no trinco.
O guarda passou, escancarou a porta, mas não viu ninguém e prosseguiu para outros vagões. Zeca saiu tranqüilo de seu esconderijo (detrás da porta) e foi sentar-se em sua poltrona.
Daí para frente Zeca repetiu a façanha até chegar a Colatina sem vintém no bolso e de barriga vazia. Para chegar a sua Escola, ainda teve que ficar devendo outro “galinheiro” que fazia linha até Santa Teresa, mas chegou vivo.
s que sua mãe lhe havia dado para passagem e outras despesas. Chegou a Teófilo-Otoni, pegou o ônibus poeirento, cinco cruzeiros, ficando com quinze de resto. De Teófilo-Otoni a Valadares viajou mais cento e cinqüenta quilômetros, pegou a passagem e lhe sobraram dez cruzeiros. A essa altura sabia que não tinha mais poder de compra. Hospedou-se numa pensãozinha de terceira classe em Valadares bem distante da Estação Ferroviária; jantou, dormiu. No outro dia, na hora de pagar o trem e a pensão, optou pelo trem.
O quarto onde Zeca dormiu, tinha uma janela que dava para um beco que saía na rua. Foi a única forma que Zeca encontrou para sair da enrascada. Pegou sua malinha, pulou a janela, ganhou a rua, chamou uma charrete que levou à Estação. Por fim, estava com cinco cruzeiros no bolso.
Chegou à Estação e uma grande fila se formava para compra de passagem. Zeca entrou nela; quando chegou sua vez, perguntou ao moço do guichê:
- Quanto custa a passagem de segunda para Colatina?
- Oito cruzeiros, - respondeu o moço.
Zeca não tinha oito cruzeiros, tinha cinco. Saiu da fila e começou bolar uma saída.
A fila tornou a crescer e o trem prestes a chegar. Zeca entrou na fila novamente, esperou, - os minutos se passavam rapidamente, chegou novamente a sua vez. Perguntou ao moço que já o “conhecia”:
- Quanto custa a passagem para Conselheiro Pena?
- Quatro cruzeiros – respondeu.
- Quero uma passagem para CP – pediu Zeca.
Esperou o trem e embarcou com sua malinha. – “E agora José”. Ainda tinha um bom pedaço de chão para viajar, sem dinheiro suficiente. Mas seu plano já estava em andamento. Todas às vezes que o trem aproximava de uma cidade o guarda passava por todos os vagões perfurando os bilhetes. Seu bilhete podia ser perfurado umas duas vezes.
Zeca estava com fome, comprou um pão com salame e um guaraná. Saciou a fome e a sede. Naquele momento, ouviu o guarda que vinha perfurando o bilhete. Até ali, tudo bem, ainda estava longe de CP. O guarda perfurou seu cartão e o devolveu, pois ainda faltavam duas cidades para acabar seus direitos.
O trem ia se aproximando de CP e lá vinha o guarda novamente; bilhetes, bilhetes... Nesta altura, Zeca tinha que colocar seu plano em ação, senão tinha que descer em CP. Assim que o guarda aproximou-se do vagão, Zeca saiu de sua poltrona e foi para o banheiro. Sabendo que o guarda bate na porta e espera o passageiro sair, Zeca deixou a porta apenas no trinco.
O guarda passou, escancarou a porta, mas não viu ninguém e prosseguiu para outros vagões. Zeca saiu tranqüilo de seu esconderijo (detrás da porta) e foi sentar-se em sua poltrona.
Daí para frente Zeca repetiu a façanha até chegar a Colatina sem vintém no bolso e de barriga vazia. Para chegar a sua Escola, ainda teve que ficar devendo outro “galinheiro” que fazia linha até Santa Teresa, mas chegou vivo.