DIA DA CRIANÇA... E A DORMIDEIRA
Planta sensível se vê logo ao tocá-la. Assusta, fecha, demora para acordar.
Fiquei esperando na porta do Colégio com a minha netinha enquanto a secretária foi buscar o material esquecido. Como Vó e Bisa, vivida e observadora me emocionei. O que deveria ser um bando de pássaros a pular e cantar não eram! Fiquei agitada. Tudo ao contrario. Cada baixinho pedindo licença a Rainha, para usar o seu termo. Emocionei-me. Rostinhos tristes, olhar sem brilho, vigorosas mãos, quase forçando seus passinhos que poderiam ser como a corola, tranqüila, esperando para sair do meio da flor e mostrar seu tipo, cor e o perfume da sua espécie. Comecei a pensar: “Estas lindas crianças não são felizes. A pressa das grandes cidades as sufocam. Alguém grita: Anda logo, para o banho. Aí tem que deixar sua filhinha boneca e perder o sonho que tava despertando um instinto maternal ou sua bola e carrinho de fricção no tapete a deslizar. Corre, corre, Puxa as chiquinhas, aperta, machuca o seu coquinho, cai shampoo nos olhos, arde... Se chora logo escuta: Fica quieta manhosa! O choro não pode estancar. É seu jeito de reclamar, de sentir, procurem ouvir como Clair de Lune de Debussy.
O papazinho tem que engolir rápido sem mastigar, colher em cima de colher. Chegou o elevador!... Você esqueceu alguma coisa? Depressa. Que turbilhão. Aguenta criançada. Tão bom se pudessem ser libertas como os pássaros “na mangueira do jardim”. C. de Abreu.
Cabecinhas atordoadas, a aula do balé, a natação... Aguenta meus filhotes, sofre coração cabeças em confusão, casos de depressão. Não pode fazer barulho, enjoa os adultos desesperados para resolver o que? “A multidão enganada que corre em busca do nada e vivem para morrer” A. Roberto – médico e poeta campista.
Criança para muitos é um robô. Quando precisam ter espaço para sorrir, sonhar, criar e brincar. Deixam a dormideira que crescem nos jardins das nossas vidas. Já crescem assustadas, apavoradas com os noticiários ou cultura inútil. Os que podem felizmente vão teatros e aos bons filmes. Os grandes da história: Rui Barbosa, Machado de Assis e outros, tiveram liberdade para serem ELES MESMOS. Certos lares são verdadeiros Quartéis e até prisão perpétua de caricias e sentimentos. O mesmo direito que seu filho tem de obedecer, terá que ser respeitado, amor, conversas como adultos, dentro da sua capacidade de entender.
Criança da favela sofre... Fome, abandono, pancadas, balas perdidas, mas os mais aquinhoados a vida também traz para alguns a ausência da mamãe, papai, vovó, vovô. É tão gostoso ouvir a voz contando estórias e as músicas para dormir, para levá-los as nuvens da imaginação ao volitar no desprendimento da matéria, nos jardins floridos onde encontramos o perfume e as luz dos Seareiros e a nossa Santa Terezinha das rosas.
Que façamos uma reflexão e usemos mais o coração, e esquecendo o material... Usar só o necessário. Amanhecer com o dia, deixando os problemas de ontem pra viver um novo dia. “Começaria tudo outra vez, se preciso fosse meu amor...” Gonzaquinha.
Vó deixa artrose, coluna, pé cansado e lutem para que as crianças fiquem felizes.
Todo dia, é DIA DA CRIANÇA.
Olha a DORMIDEIRINHA.
No silêncio do meu ser
Eu sou sensível no amar
Como tenra dormideira
Vivo sempre a me fechar.
Pensamento em turbilhão
Coisas mesmo do passado
Tudo por dentro se move
Também fica rebentado.
Minha alma tão tristonha
Vivendo sempre a chorar
É pequena sementinha
Demorando em germinar
O meu canto de rolinha
Tão triste é seu arrulhar.
Amigos que amam como diz Jesus “Vinde a mim... todas as criancinhas”
Beijos da Vovó Junia, obrigada por ter conseguido uma nova família espiritual no RECANTO DAS LETRAS.
Bons dias das crianças!
Juniarios