CONTEMPLANDO ESTRELAS

Noite fria, gélida. Uns pingos de orvalho teimam em cair enquanto outros, vão aderindo à superfície das plantas por estarem congelados. Os animais então entocados, em seus ninhos, recolhidos, pelo frio intenso que percorre toda a natureza. O frio faz soar uma música suave que vai atravessando todo o ambiente, entrecortando os arbustos, fazendo nascer a cada obstáculo uma nova nota, de uma grande sinfonia.

No alto, estrelas. Cintilam com um brilho fora do comum. Parecem iluminar de forma especial essa noite tão fria. Um silêncio profundo se faz. Tudo parece silenciar para contemplar o brilho das estrelas. Lá do alto elas emitem seus raios cor de néon, fazendo a terra ficar mais bonita. As constelações vão se aninhando na via Láctea para poderem tornar a noite ainda mais bela. E aqui na terra, dois corpos ultrapassam qualquer medida. Abraçados contemplam as estrelas que brilham como reflexo do brilho deles mesmos. Dois corpos que se deixam embriagar pelo perfume de flores, pelo cheiro do mato, pelo canto dos pássaros, e pela beleza das estrelas que contemplam em silencio. Um silêncio cantante, um silêncio falante, que descreve poemas de amor apesar de sua aparente mudez. O frio não importa, o vento não importa. Importa apenas aproveitar esse momento único, tantas vezes repetido, mas que se renova a cada encontro, tornando-se único e insubstituível. Um momento mágico que se eterniza no coração e na mente. Um momento em que as estrelas parecem descer mais para perto da terra e intensificarem ainda mais seu brilho.

Uma noite fria, no silencio, contemplando as estrelas, sentindo os corações se tocarem e baterem aceleradamente. Uma noite fria, intensa, inesquecível. Uma noite fria, quando todos estão dormindo, dois corpos, se abraçam, e se deixarem envolver pelo calor que vem de dentro deles. Dois corpos, um só sentimento, um só contemplar. Uma noite fria, de um abraço apertado e quente, superando tudo e fazendo com que esse momento se torne pleno de calor e brilho, como as estrelas lá no alto, contempladas daqui de baixo.

Escrito originalmente em 13 de junho de 2006.