Crônica de uma Impostura
Estava caminhando na praia neste final de semana chuvoso e me cansei. Parei prum pastel e uma cervejinha pequena, aquela Original de garrafinha, que nem conhecia, quado apareceu o Anderson, vendedor de castanha do cajú, um garoto de uns vinte anos. Um copinho doutor? Quero não. Experimenta, tá quentinha. Experimentei. Tava boa mesma. Uma, três real, duas, cinco, três, sete. Quero uma.E aí Anderson, em quem você vai votar? Voto na Dilma, ué. Mas de onde você é? Sou de Sergipe doutor. Mas por que você não vota na Marina, que é lá do norte? Ah, doutor, o Lula foi muito bom pra nós, sou do prójovem. Prójovem?, que é isto? Um programa pra gente estudar, profissionalizante, sabe né? Ganho cem real por mes. E você está estudando o quê? Me cansei doutor, era chato, vim de lá pro Guarujá pra vender castanha, eu ganho mais, continuo ganhando meus cem real? Você continua ganhando sem trabalhar???? Ganho sim doutor, e minha mulher ganha mais trinta real e está comigo aqui no Guarujá. Cara, você não tem vergonha desta enganação? Tenho não doutor, por isto voto no Lula, voto na
Dilma. Mas a Dilma não é o Lula e esta esmola não funciona. Não sei não doutor, eles ajudaram a gente lá e eu voto neles.Cara, esta esmola não funciona, estamos criando uma república de vagabundos, para outros se perpetuarem no poder! Sei não doutor, pra mim tá bom, eu sei que tá errado, mas pra mim tá bom
Nagib Anderáos Neto