A PERDA DA HUMANIDADE DOS HOMENS

O mundo não pode ter sido sempre assim! Não creio que eu fosse cega, desinformada ou, por eu ser apenas uma criança, não visse o mundo tal qual o vejo hoje. Ele já foi para mim um encanto só. Tudo no mundo, no meu país, no meu estado, em minha cidade, em minha escola, em minha rua e em minha casa, tudo mesmo, era motivo de alegria para mim, de aprendizado, de crescimento. As relações entre as pessoas, entre os animais, entre a natureza e as inter-relações destes, muito me apraziam, enchiam minha alma de grande felicidade.

Porém hoje, ao assistir a um noticiário, meu mundo vem abaixo, sinto uma dor profunda e uma tristeza imensa.

Difícil acreditar que alguém tenha coragem de tirar a vida de outra pessoa. Difícil de digerir o fato de uma adolescente ajudar a matar os próprios pais, de homens tirarem a vida das mulheres por ciúmes ou outro desentendimento qualquer. É, definitivamente, impossível entender as forças que levam um pai a tirar a vida de uma filhinha inocente. São apenas alguns exemplos, mas infelizmente há dezenas deles nos noticiários dos últimos anos.

Onde está a humanidade das pessoas? Qual era mesmo aquela qualidade que nos diferia dos animais? Até quando continuará aumentando a porcentagem de monstros entre nós? Como identificar os animais humanos? E como ajudá-los a se tornarem gente outra vez? Como evitar que nossas crianças e nossos jovens se tornem monstros sem sentimentos capazes de matar seu semelhante? Como parar, como interromper esse processo de autodestruição?

Moro e vivo em Belo Horizonte. Aqui educo meus filhos. Sinto-me mal diante da forma que sou obrigada a orientá-los: “Não fale, não confie em estranhos, não ande sozinho na rua, não pode ir sozinho à padaria e nem para a casa do colega que mora perto, nunca diga que está sozinho em casa (diga que a mamãe está no banho), não pode dormir na casa de fulano, não gosto que ande com essa turma...”. E o filho pergunta: “Mas por que, mãe, por que não posso?”. “Olha, filho, porque há muita gente má no mundo. Há pessoas querendo fazer maldade em todo lugar e a todo instante...”. Pobres crianças! Como alguém pode viver feliz, sabendo que em cada esquina há uma pessoa má esperando por ela? Eu preferiria ensinar aos meus filhos, sobrinhos e amiguinhos que “a vida é bela, as pessoas são boas, todos merecem a nossa confiança e que em quaisquer lugares que eles forem haverá uma pessoa maravilhosa, bondosa e amiga esperando para conhecê-los e para ajudá-los”.

Na verdade, jamais imaginei que eu veria tanta atrocidade acontecendo. Muito me preocupam os rumos da humanidade. Para onde caminhamos? Que tipo de pessoa existirá no mundo daqui a dois séculos? Serão melhores do que nós? Terão vencido esse embrutecimento que vem ganhando forças em nosso meio atualmente? Ou será que a cada dia perderão a doçura e a sabedoria e retornarão, inevitavelmente, a condição de animais?

Sonho com um mundo melhor! Embora dentro de mim algo diga que não será possível! A evolução é destruidora das coisas simples e bem sabemos que há mais felicidade nas coisas simples.

Ainda assim, penso que cada pessoa precisa tomar uma atitude, fazer sua escolha com sabedoria. Nas famílias, que é onde se pratica, em primeira mão, a cidadania, neste núcleo, unidos, devem seguir uma linha que os desviem deste caminho tão óbvio, desse caminho “normal” para onde a massa vai. É preciso parar para pensar, fazer escolhas conscientes e estar preparado para enfrentar as consequências. Pode não ser fácil, mas é preciso ter coragem, é preciso fazer a diferença!

DoraSilva
Enviado por DoraSilva em 28/09/2010
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