N A D A
De perto ninguem é normal,
muito menos eu, então viva a loucura nossa de cada dia, noite e dia.
Diariamente, louca-mente. Trabalhando, gerenciando o caos, movimentando os neurônios numa dança apocalíptica, quase frenética, surreal, meu ar acabou.
É certo - errado - que vivo copiando tudo que leio, sem qualquer pudor, ou falta de constrangimento, palavras roubadas, posso tudo, sou louco.
Releio para não esquecer, de quê? É síndrome? Tenho pânico. Obsessivo, continuo andando nú pelas ruas abertas, talvez eu pegue um resfriado, talvez dois, talvez eu encontre um calmante perdido, assim como eu, pelos becos escuros nos quais meus ais se espalham, se espelham, nos quais me enveredo, totalmente alucinado.
É lógico, ilógico, baseio meu raciocínio em fundamentos sem base, fico vigiando os pingos d'água caindo do céu na minha cabeça, batalha perdida, saio sempre molhado, líquido, liquidado, nesta luta eterna entre eu e quem eu penso que sou, não sou.
E, com a boca no trombone, sem chapéu, não preciso dele, só da boca, não quero ouvir tuas respostas prontas, suas bulas de remédios, não quero ler não, nunca.
Nem nada disto ou daquilo, é tudo o que quero: nada.