Constantes Inconstâncias
Como posso definir quem sou?! Já que tenho em mim várias de mim mesma! Isto porque, certas vezes transcende uma personalidade mais tranquila, como a de um mestre de Yoga que levita em esplêndida paz interior. Já tive momentos revolucionários gerados por descontentamentos com o meio social e suas injustiças. Já fui felina feroz destemida. Já fui formiga olhando pra pata de elefante, que se arrisca por um doce. Já fui hiena louca. Já fui labrador desgovernado que não têm noção do próprio espaço que ocupa. Já ronronei quando ouvi um elogio. Já acordei como se estivesse do tamanho de uma girafa (minha cabeça estava entre as nuvens). Já me despertei de uma noite de sono mais comunicativa do que o comum. Raras as vezes considerei-me tagarela. Mas nessas constantes inconstâncias de personalidade, permaneço autêntica! Enquanto uma descansa, outra habita em meu âmago fazendo “plantão” até esvair-se em mais uma noite de sono. Claro que tenho minhas preferências, mas prefiro não revelar para não desapontar uma ou outra, já que no fim todas compõem uma só.
Na maioria das vezes sou objetiva. Frases Curtas! Minha boca permanece em silêncio profundo apenas pela delícia de refletir. Em outros tempos sou exageradamente complexa, esqueço-me até das virgulas, atropelo umas palavras nas outras. Certas vezes me retraio em meu casulo, mas não na tentativa de sair borboleta, continuo a mesma lagarta indecisa que não sabe qual folha é a ideal. Já amanheci triste, um tanto quanto depressiva em dia cinzento, refletindo sobre os problemas do mundo! Já quis um dia inteiro de risadas (e essa é a que mais costuma aparecer). Talvez porque os risos a fazem bem, sempre está carregada de energias positivas e vibrantes pra compartilhar com quem quer que seja. Mas durante tempo integral sou amadora: tenho amor pelas palavras, tenho amor pelas reflexões e mais ainda um amor incalculável pela arte, pois é ela que me acompanha em ócio, seja em dia de sol, ou dia de tempestade.
A arte é divina. Ela é onipresente: revela as belezas do mundo, abre os olhos sobre as impurezas, retira sorrisos, grita em uma dramaticidade reflexiva pra visualizarmos a cruel realidade. Dela nascem os pensamentos mais utópicos, dela sai a delicadeza dos passos de uma bailarina ou a inspiração para fotografar o “canto” de um bem-te-vi. Arte, é sempre muito "bom-te-ver"! Ela anda sempre acompanhada pelas emoções, são amigas inseparáveis, como carne e unha, encontram-se lado a lado. Que bom que ela existe e traz leveza e doçura ao que é triste e amargo. Seja inventada, seja real, essa faz parte da minha alma, do meu “eu” integral.