O julgamento
Parece fácil e, de fato, é. Julgamos as pessoas com a mesma facilidade em que cometemos os grandes erros de nossas vidas. E achamos que temos toda a razão. Julgamos sem precedentes, sem conhecimento dos fatos, sem sabermos dos dois lados da moeda. Julgamos, simplesmente, sem conhecer.
Discernimos o certo do errado de acordo com nossos próprios pressupostos. Fundamentados na prepotência de nossos princípios sociais, tornamo-nos juizes do comportamento alheio. Mas, afinal de contas, quem somos nós para julgar alguém?
”Quem não possui pecado, que atire a primeira pedra”, como dizia Jesus. Esqueçamos a questão dogmática e veremos, ainda assim, que ele tinha toda a razão. Consideramo-nos bons e decentes o suficiente para tecer julgamentos, porém omitimos nossas falhas e escondemos nossos maiores defeitos. Nossa humildade se detém à aparência e nossa arrogância aos fatos.
Conquanto julgamos o próximo, demonstramos nossa falta de preparo moral com a vida e nos fechamos à compreensão e aceitabilidade. Criamos as nossas premissas particulares e fazemos de uma verdade individual, uma questão ética coletiva. É desta forma que os padrões sociais são estabelecidos e as regras culturais orientadas.
Deixemos de lado o egocentrismo e compreendamos que devemos viver a nossa vida e julgar, antes de qualquer coisa, os nossos comportamentos. Nossa responsabilidade é de cunho pessoal e intransferível. Cabe a nós e a mais ninguém ponderar sobre as nossas próprias atitudes. Se julgamos sem conhecer, saibamos que um dia poderemos ser julgados sem que nos conheçam. A perfeição é utopia. Os erros são humanos. O pré-julgamento é ignorância.