Aninha conta estrelas

Diz a lenda que, quando um humano se ilumina, uma estrela se apaga no céu e passa a caminhar... por aqui.

Ana fechou o livro.

_ Manhêêê!

_ Que foi?

_ Mãe, no livro está escrito que gente vira luz e que tem estrela que vira gente.

_ Ah, filha! Deve ser coisa desse pessoal que acredita em seres de outros planetas. Essas coisas...

Em seus dez anos de vida, Ana pensava nos livros da escola, nas ilustrações e gravuras dos outros planetas. Não tinha visto muito, suspirava. Mas já era alguma fundamentação para suas especulações.

_ Maria, se todas as pessoas virarem luz...

_ A Terra não vai poder ser chamada de Terra, vai passar a se chamar Luz. Parece uma boa idéia.

_ É, mas não vai ter mais céu.

_ Isso parece chato.

_ Como é que as pessoas vão se ver, se é tudo luz?

_ Ana, você adora complicar. Minha cabeça está a maior confusão. Olha só, o planeta se chama Terra, mas a gente não é de terra. Então, vai chamar Luz, mas é um jeito de falar.

_ Sei não. Se gente vira luz e estrela vira gente, como é que a gente vai saber se é feito gente ou se é feito estrela?

_ Estrela tem mãe e pai? Não. Então, a gente é feito gente.

_ Maria, você é ótima.

Aninha continuava com suas questões. O que seria afinal um humano se iluminar. Vai ver que não é ficar todo feito luz, pode ser outra coisa. Ninguém estava com tempo para suas especulações.

Tempo devia ser outra questão importante. Afinal, quanto tempo leva para gente virar luz e estrela virar gente? E onde isso acontece? Todo mundo fica sabendo? Bom, deve ficar. É só contar as estrelas e conferir o total todo dia... mas como que se faz isso? Sei não. Quem foi que disse isso de gente virar luz e estrela virar gente?

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No grande arcabouço cultural da humanidade, pode-se encontrar uma diversidade de pensadores, artistas, escolas e teorias que orientam e abrem novas questões quanto à origem e destino humanos. Não há consenso. Isto é bom. Afinal, tomar consciência das próprias condições, limites e possibilidades pode fazer, de cada um de nós, pessoas mais integradas em si mesmas e, portanto, não por conseqüência direta, mas por trabalho consciente, à humanidade.

O momento atual é de esplendor. Uma nova era de construção está na pauta do tempo universal humano. E, cada um, em seu interior, escolhe integrar-se a este grande projeto de criar um novo jeito de viver, dando sentido, significado e consciência à própria humanidade.

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Aninha segue em busca de uma forma de contar as estrelas do céu até o dia em que encontrará em si mesma um jeito de criar felicidade. Uma felicidade que não é egoísta, que não pensa só em si, mas que concorre para a felicidade de todos.

Liz Della Penna
Enviado por Liz Della Penna em 24/09/2010
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