QUAL NOSSA DEFICIÊNCIA?
Entrei no MSN como de costume, por fazer isso quase todas as noites, e também para uma leitura de algum conto ou poesias postadas em algum site (acho que já me viciei nisso...rs). E encontro algumas amizades antigas e algumas novas amizades que fiz justamente por também postar... Adicionei certo chat e conheci poetisas ou não, pessoas bacanas que tem preenchido algumas noites minhas de uma forma gostosa. Pois é, numa destas noites conversando com uma amiga, creio que assim posso chamá-la, já que assim ela tem me chamado, de amiga, de Lú. Minha amiga Pri.
E nessa noite em especial a conversa começou com aquele trivial de sempre “olá”, “como vai?”, e por aí se segue o papo... Logo que entrei percebi uma foto no MSN da Pri, um garotinho, de alguma forma especial... Quis perguntar quem era, mas minha intimidade com Pri não é tão grande, ainda. Mas se Pri quiser posso ser intima dela (me empresta um din din????...rs), nem acharia ruim ( ai ai sem contar que ela é a musa do banho... fico só imaginando esta musa, será que ela é artista?!, aiii...opa voltando ao foco da história...rs). Enfim, entre a conversa que rolou, a Milla (sobrinha) fala de um “Gigante”...
Luar fala:
Quem é o Gigante?
Milla fala:
É o Julinho sobrinho da Pri.
Pri fala:
Sim meu “Gigante Guerreiro”, que amo tanto!
Parti pra uma conversa com a Pri no privativo, e ela me mostra um depoimento que deixou para esta criaturinha... Ela me contou que Julinho é seu Deus. Sim, um ser elevado quanto qualquer outra criaturinha aqui neste nosso plano terreno, UM GUERREIRO! Assim ela me disse. Me falou que ele não tem as mãozinhas, nem os membros que antecedem as mãos com perfeição, apenas os troncos parcialmente formados e que desde pequenino ele luta pela vida, e que tem vencido as batalhas até aqui...
E sabem porque eles tem superado os obstáculos?
Porque está cercado de muito amor, da mãe, do pai, dos familiares, dos amigos pequeninos como ele, e dos amigos já bem mais crescidinhos que chamamos de adultos. E ainda conta com um amor indescritível da tia Pri. Ah! Estou pra ver uma tia tão coruja, tão doada de um laço fora do comum com um sobrinho.
A Pri ainda disse que além de não possuir as mãozinhas, Julinho também não fala, pelo menos não como nós, na forma verbal, mas fala da forma mais bela de se ouvir, fala com os olhos, nos quais viaja quando o carrega no colo, e eles, Pri e Julinho se olhavam por um longo tempo, como se esses dois olhinhos mantivessem um diálogo que somente ambos entendiam. (Creio eu, que além dos olhos, os corações também se falavam). Ela também disse que sempre que chegava do trabalho a noite ia visitar seu Gigante, todas as noites! Ele a esperava acordado a convidando para pegá-lo um pouquinho e coloca-lo junto ao seu peito pra sentir as batidas de seus corações numa mesma sintonia, e assim dormia em seu colo. Pri passava horas com Julinho. Tanto que sua irmã lhe chamou atenção por várias vezes que o estava mimando demais. Mas, nenhum dos dois deram atenção a mamãe, queriam se curtir muito.
E encerrando este papo do MSN, onde se vê um laço que nenhuma força de palavras pode explicar, Pri revela que seu GIGANTE lhe ensinou também lutar pela vida, porque lutava contra sua saúde, ou falta dela... e que partir daí aprendeu dar verdadeiro valor a vida. A vida que muitos de nós valorizamos tão pouco...
O que entender dessa história?
Que a única deficiência de Julinho eram as mãos, ou seja a falta delas. Mas que ele tem os olhos, os sorrisos, os ‘palpitares’ do coração, o carinho a dar pra todos que o rodeiam, e que isso já lhe basta pra ser um Gigante, um Guerreiro...
Qual nossa deficiência, ou deficiências?
Temos tantas às vezes...
Falta de mãos...
Mãos que afaguem, que acenem, que implorem aos céus, que agradeçam aos céus! Mãos que simplesmente tenham dedos que nos caibam os anéis...
Falta de pernas...
Procuramos cortar caminho pra não perder tempo... Ligar para um amigo, que fazer uma visita. Andar até a casa vizinha cansa... Nosso caminho a trilhar parece tão longo que muitas vezes queremos desistir no primeiro obstáculo encontrado no caminho... Nos tornamos paralíticos!
Falta de olhos...
Olhos que olhem nos olhos dos outros. Olhos que percebem o carinho de uma mãe, de um amigo que necessita de um simples olhar pra amenizar a dor. Olhos que simplesmente vejam quão belo é este nosso mundo... Se utilizamos esses olhos e não percebemos isso, somos cegos! Assim somos deficientes visuais com vistas perfeitas.
Falta de palavras...
Pois, boca possuímos, mas muitas vezes pra deferir palavras duras, pra deixar de dizer muitas vezes que amamos, que queremos nos desculpar, que queremos ser ouvidos, mas simplesmente nos calamos... Aí somos mudos! Deficientes da fala.
Falta de um outro ser... Não. Falta de amor próprio...
Já parou pra pensar neste instante que Julinho quase não possui deficiência alguma? Sim! Ele não possui as mãos nem a fala, mas possui o olhar, um sorriso, pernas que correm ao encontro...
E nós? Qual nossa deficiência, ou nossas deficiências?
Pensem só um pouquinho meus amigos e amigas... Somos seres mais que perfeitos!
Basta aproveitar esse dom que nos foi dados de possuir algo de mais sublime neste mundo. A VIDA!!!
(Texto dedicado ao Gigante e a Pri.)