A arte de não se enganar
Águida Hettwer
 
   Engana-se vergonhosamente quem acredita somente em suas próprias forças. Ora, pois, somos sementes da evolução, página em branco, na espera de ser escrita. Quem nunca precisou de uma mão, a ser estendida, alcançando um objeto, ombros de apoio, na descida.
 
 Nas coisas mais banais do quotidiano, abrir um vidro de picles, darem nó na gravata, fazer laços nos cadarços dos tênis, prender o botão da camisa. É, precisamos uns dos outros, numa permuta, num contrato, num simples gesto.
 
 Na subjetividade da vida, formulamos nossos valores, aspectos e crenças, reações diversas. Vacilantes são os passos, que se desviam da verdade. O homem busca realizar suas fantasias perdidas, aprisionadas no riso da criança, que outrora era feliz com o simples e singelo.
 
   Não se engane, com o cheiro forte da mentira, ela apenas se defende para salvar as aparências, no seu íntimo mora um menino, assustado com pavor de seus medos, dúvidas e aflições. Na sua fraqueza vive de meras ilusões.
 
 A vida e a natureza explodem em cores a nossa volta, o vento dança, balançando os cabelos, os perfumes das flores desprendem com naturalidade, as águas dos rios seguem seu curso, sabem contornar das pedras, sem afetar seu destino. E muitas vezes nos esquecemos disso em declínio, fechamos-nos em melodias lamuriosas e tristes.
 
 Esquecemos-nos, que nas lágrimas encontramos o consolo, na tristeza, a fortaleza para se reerguer, nas dores, a valorização da vida. E no apogeu do amanhecer ressuscitamos vigorosos, donos e protagonistas de nossa história. Temos um livre arbítrio pendente as nossas escolhas. Eu e você!...Ninguém mais.
 
 
24.09.2010