Um homem só
"Não há mais jeito" pensa ele ao acordar depois de uma noite mal dormida que vagou entre a esperança e a certeza daquela velha solidão que se apresenta tão eterna. " e agora?"
Agora faz tempo que ele não dorme, faze tempo que ele não sonha, faz tempo que sonha demais e também que não chora. Não há nada em sua vida que aconteça para, no minimo, receber um pouco de desprezo ou um olhar de soslaio...é como se vivesse num país onde ninguem não fala outra palavra além do " adeus" e o pior de tudo: já é o esperado e agora tanto faz.
Tanto faz que ele corra de um lado pro outro, que ele se embreague, que ele fume, que conheçam ele.No final, vai ser tudo a mesma coisa: as mesmas pessoas falando das mesmas coisas que todos ja falaram antes.
Não adianta que ele escreva, que ele pinte ou vá para qualquer país no mundo. No final, ele vai sempre estar sentado numa praça olhando como Bukowski, respirando como Cortázar e pensando como Neruda :"Puedo escribir los versos mas tristes esta noche"
Sim, ele tem todo o direito de escrever versos tristes não só esta noite, mas essa manha, essa tarde e ,ainda mais, em todo Pôr-do-sol até que o sol, com vergonha de iluminar ele, apague.
Ele é um velho simpatico, daqueles que sentam no mesmo banco todos os dias para tomar banho de sol e olhar as crianças no parque, Ele é aquele Homem de meia-idade que se arruma pra ver ninguem, aquele que esta sempre ocupado consigo mesmo, aquele que não para de pensar nos outros, aquele que não esqueceu ela;aquele que treme os olhos num pôr-do-sol e o que não se importa com um dia chuvoso mesmo tendo medo do cinza.
No mais , ele é aquele que precisa de um carinho mas que não tem ninguém, que fez do vento sua amada carinhosa e do horizonte o seu amor...