O Mau não fez por Mal

Estava sentado numa dessas cadeiras de bar na beira da práia quando de repente um sujeito meio estranho começou a falar alto numa outra mesa mais reservada.

Eu que estava bem distraido com a mulherada que passava pela calçada por entre as mesas, não dei muito importância, até porque em matéria de barulho a práia ganha em disparada de qualquer lugar que a gente possa imaginar.

Falo das praias da capital, onde encontramos aquelas pessoas bem animadas felizes e que levam as vezes nos seus carros o maior equipamento de som e colocam a todo volume.

Afinal aquele Funk é o máximo, o sertanejo é de arrepiar os cabelos dos mais insensíveis dos sujeitos que não se comovem com nada.

Bem, a práia tava bombando como diz o meu amigo depois de já ter tomado cinco caipirinhas, dez ampolas redondas e fumado aquele charuto.

As vezes, passava por mim aquela morena com tudo em cima e sabia disso e quando passava, entre as mesas, e só para mexer com o nosso moral, enfiava dois dedos no fio dental e esgarçava, soltando em seguida pra tirar a areia. A rapaziada aí gritava animada. Isto é que é saúde!

Bem, a polícia leva quase tudo numa boa, entende que o pessoal trabalhou a semana toda e aquilo tudo é descontração. Afinal ninguém aguenta!

Foi exatamente isso que acontecia ali no bar de esquina na beira da praia. O sujeito continuava fezendo o maior escarcéu e seus gritos pareciam uma ambulância atravessando a avenida. De repente todos começaram a olhar, tamanho foi o escandalo do rapaz que por sinal era muito forte e alto, beirando um metro e noventa.

Imaginam a força na garganta! Mas que nada seu grito era fino e estridente como uma menina de dez aninhos apavorada.

O Policial que passava por ali com uma cara de MAU se aproximou da tal gazela saltitante e deu uma senhora porrada nas costas do tal sujeito que gritava que ele cuspiu longe uma espinha que presa a garganta lhe fazia enorme MAL. Ainda bem que o mau, não fez um mal, mas um bem.