A viagem de minha vida
Comparo a vida à uma viagem de carro. Estou sempre seguindo em frente.
O retrovisor me mostra as saudades, as preciosidades, as experiências vividas. Umas vão se diminuindo, à medida em que se distanciam. Outras insistem em me acompanhar, como se fossem decalques pregados no espelho. Os valores mais importantes estão me acompanhando no porta-malas. Fazem parte de mim. Eu não quero e não saberia abrir mão. Os bancos de passageiros estão todos ocupados por pessoas encantadoras que optaram por me acompanhar na viagem.
Os lixos e as mágoas são descartados e deixados para traz. Muitas vezes olho no retrovisor, sentindo uma saudade medonha de outras tantas preciosidades ficando para trás. Em muitas outras oportunidades, me surpreendo atento para não ser seguido pelas coisas negativas.
À frente, vejo o novo, o inesperado, a promessa de final feliz. Sei que tudo depende apenas de como me comporto ao volante. Cada curva é uma incógnita. O que terei à frente? Às vezes dá um frio na barriga. “E agora?” Mas sigo em frente. Sempre.
Cabe-me ser bom condutor. A viagem é longa e não vale a pena cometer imprudências. Amanhã não quero olhar no retrovisor, preocupado com o que ou quem pode estar me seguindo ou perseguindo. Tampouco quero ver alguém atropelado por mim. Isso não faz parte do propósito de minha viagem.
Mas quero sim, olhar esse retrovisor para rever as lembranças, as saudades, as construções sólidas que ajudei e levantar. Elas me servirão de experiências para as próximas construções. Sim, as próximas construções surgirão. Não quero simplesmente percorrer estradas sem deixar minha marca. Não seria justo comigo mesmo, nem com meus passageiros, ferrenhos e decididos companheiros de viagem.