RICO FAZENDO FESTA DE POBRE?!
De: Ysolda Cabral
Um certo *“chefe” de olhos verdes, saradão (leia-se barrigão), mais de 1,80 de bom gosto e elegância. Gosta de andar com sua bolsa de couro de “crocodilo” a tira colo.
Dentro dela uns quatro ou cinco celulares que não param de tocar – um deles é só para falar com os “Chefes de Estado”, outro é exclusivo para falar com o Presidente da República, isto sem jamais falar um palavrão.
Fora esses amigos, ainda conhece “Deus e todo mundo”, frequenta as “altas-rodas” da sociedade brasileira e internacional, e, claro que, dentre esses, estão artistas e intelectuais. Contudo, seu amigo mais chegado é o Dr. Google.
Tem verdadeira ojeriza a pobre, fazendo questão de alardear: “se um dia fui pobre, não me lembro.”
Todo santo dia vem nos “fiscalizar”, digo, nos dar bom dia. E, com seu jeitão de “lorde inglês”, sempre tem algo a nos ensinar e/ou chamar a atenção.
- Afinal, subalternos serve pra quê?!
Hoje ele chegou muito cansado, com sono, alquebrado. Com ar desleixado, roupas que pareciam ser da **Sulanca e não adquiridas nos EUA, onde esteve recentemente a passeio com sua consorte. Ocasião em que, inclusive, só frequentou restaurantes cinco estrelas, onde as lagostas servidas tinham pra mais de “meio-metro”. – Conforme foto que nos enviou e que ilustra este texto para comprovação daquilo que escrevo e assino.
Pois muito bem, como ia contando; ele hoje chegou cabisbaixo e lógico que ficamos preocupadas! Vendo nossa “sincera” preocupação, todo prosa, nos contou que havia levantado cedinho, as quatro da matina. Fez uma lista de compras e foi ao supermercado, pois havia sido convidado - ele e a esposa - para uma festa em casa de um empresário muito rico, seu amigo. E, que, como tal, teria que levar um "pratinho" para a “grandiosa” festa.
Como a despensa de sua casa estava um “tantinho” desprovida... Decidiu cedinho resolver a questão.
A minha amiga e colega de trabalho, Tê Lima, que não deixa escapar nada, com cara de quem não quer nada querendo, mais que depressa lhe perguntou em qual supermercado ele tinha ido assim tão cedo.
- Neste ponto, realmente, não consegui mais me controlar e cai na gargalhada.
A Tê Lima, sem dó ou piedade, prosseguia pausadamente como quem estivesse a refletir, analisando bem a situação...
- Quer dizer que o senhor acordou cedo, foi ao supermercado de pobre, comprar comida pra levar pra festa, na casa do seu amigo rico?!!! E concluiu:
- Vai ser um churrasco e tanto, num vai?!!!
- Podemos ir também?
A gente leva umas “asinhas” na boa!
- Eu posso com uma coisa dessas?!
Hahahahahahahahahahaha
* "Chefe" - Pessoa muito querida e divertida, a qual adorou esta brincadeira e autorizou a publicação deste texto.
** Sulanca – comércio de roupas e calçados vendidas em barracas na feira de Caruaru-PE, minha terra natal.
Atenção!!!!!!
Comentário do " Chefe" que acabo de receber:
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"Traduzindo" a última frase do "Lorde", a próposito da pergunta do escritor recantista "Guru Evald" constante em seu comentário:
Pobre é quem pega (no trabalho) "di 08 e larga di 5". Ou seja; eu e a Tê Lima pegamos no trabalho das 08h às 17h.