ANOS DE OURO
A década de sessenta foi muito rica para mim. Acredito que para todos da minha geração. Vivemos a adolescên ia com o desejo de auto-afirmação, enfrentando os desafios próprios da faixa etária, conseguindo vencê-los, embora muitas vezes a alto preço.
É verdade que nesta idade temos que lutar contra inúmeros obstáculos, mas é verdade também que este é o período de grandes descobertas: é nosso corpo que se transforma, é a primeira paixão que nos assalta, e o amor que nos consome... talvez mais sonho que amor, amor inatingível...
Os primeiros anos desse decênio foram embalados pe la música da jovem guarda que se sobressaía entre tantos gêneros que faziam sucesso, encantando nossos ouvidos, en ternecendo nossos corações e animando nossos bailes e tertúlias.
Como eram boas as festinhas vespertinas realizadas nas salas de aula do Colégio Pe. Viana, do grupo José Mati as Sampaio, do salão da câmara municipal ou do salão do bingo, na sorveteria Flórida...!
Ao som da radiola ou da orquestra nos divirtíamos dançando boleros, rumba, manbo, tango, forró, samba, twist, valsa e iê,iê,iê.
Espetaculares eram as festas de gala das formatu ras dos alunos da 4ª série ginasial dos colégios Pe. Viana e Pe. Abath, com os conjuntos vindos de outras cidades, co mo “Ivanildo e seu conjunto”, da nossa capital.
O figurino era luxuoso, encantando a todos, especi almente na hora que os concludentes rodopiavam no salão ao som da “Danúbio Azul” ou de outra valsa.
O cenário da praça Dionísio Rocha de Lucena estava enriquecido pela Casa Seleta e a sorveteria ao lado que nos oferecia o mais atualizado repertório, através do seu serviço de som particular, sob os cuidados e o bom gosto de Zezinho Moreira, que ali era funcionário. Mais tarde, quando esta cerrava suas portas, Zezinho Moreira, de posse de tal equipamento, tornava-se publicitário e até hoje es tá ai contribuindo com a comunicação da nossa terra.
A Caldeira do Inferno, de propriedade de compadre Chico de Sinésio, veio também nesta década oferecer um lu gar de bate-papo e descontração para pessoas de todas idades. Ali se reuniam, como acontece até hoje, os amigos pa ra conversar, ler jornal, a qualquer hora do dia, e até meia noite, no máximo. Enquanto bebiam uma geladinha tro cavam informações sobre política, fatos sociais, notícias culturais, fuxicos, mexericos e o diabo a quatro.Ela cont nua ali com o mesmo clima de alegria apesar de ter perdido o seu presidente de honra: o Professor José Teles de Carvalho.
O Frak Laite, do nosso amigo Eduardo Leite, alimentava fisicamente e mentalmente o nosso povo, oferecendo no seu cardápio, além do cafezinho, da sopa, do caldo, da cer vejinha e da cachacinha, as anedotas e piadas que tanto alegrava a todos. Está lá, no mesmo local, embora tenha passado por reformas, com sua fiel clientela, tanto diária, como noturna.
Quanto a Sorveteria Flórida que ali esteve desde os anos cinqüenta, com seus deliciosos sorvetes e picolés, doces de todos sabores, chocolates e bombons, seu salão de jogos, seu dancing, que foi por muito tempo o palco das mais belas festas e veio a se tornar Ideal Clube, definhou e morreu como conseqüência, talvez, da descentralização das opções de lazer.
Para preencher o seu vazio social surgiu o Brejo Santo União Clube, que teve por idealizador o Dr. Cleidson de Araújo Rangel em parceria com os Srs. Otacilio Alves Pe reira, Emilio Salviano Alves e Manoel Denguinho de Santana (doador do terreno quase na integra e dos tijolos fabrica dos no seu terreno Baixio do Boi) entre outros. A parte complementar do terreno foi adquirida por compra ao Sr. Chico Doca.Com o apoio dos associados (fundadores e proprietári os) construíram, no espaço de oito meses, o clube social que está aí, até hoje, após ter passado por algumas refor mas.O Brejo Santo União Clube teve como primeiros presidente e vice os Srs. Emílio Salviano Alves e Otacilio Alves Pereira.
A Copa do Mundo, a Revolução de 1964, o Concilio do Vaticano II... foram acontecimentos marcantes e trans formadores para o Brasil que repercutiram de maneira extra ordinária também na nossa Brejo Santo.
Naquela época, quando a guerra fria era o pano de fundo do cenário mundial e os sistemas comunista e socialista reinavam em alguns países do mundo, no Brasil os ide ais políticos levavam brasileiros e especialmente os jovens a protestar e sonhar com um sistema de governo onde houvesse justiça.
Entre nossos estudantes brejosanteses, tantos aqui como nas capitais nordes tinas,havia idéiassocialistas.Era o despertar para uma política democrática. Era a juventude acordando para o seu dever como cidadão para com a pátria.
Os Beatles, os Rolling Stones, os hippies, foram fenômenos marcantes daquela década e muito influenciaram a nossa juventude, mas nem por isto podemos concor dar com aqueles que afirmavam que a nossa juventude era transvia da. Ela apenas lutava pela justiça, pela paz, e, sobretudo, pela liberdade de uma maneira diferente, ao seu modo.
A chegada da luz de Paulo Afonso, a inauguração da Casa Seleta, da Nortelar, da Casa de Saúde Maria Gomes Nicodemos, do Brejo Santo União Clube, entre tantos outros acontecimentos locais davam início a uma nova era com mudanças de hábitos e costumes.
A década de sessenta foi muito rica para mim. Acredito que para todos da minha geração. Vivemos a adolescên ia com o desejo de auto-afirmação, enfrentando os desafios próprios da faixa etária, conseguindo vencê-los, embora muitas vezes a alto preço.
É verdade que nesta idade temos que lutar contra inúmeros obstáculos, mas é verdade também que este é o período de grandes descobertas: é nosso corpo que se transforma, é a primeira paixão que nos assalta, e o amor que nos consome... talvez mais sonho que amor, amor inatingível...
Os primeiros anos desse decênio foram embalados pe la música da jovem guarda que se sobressaía entre tantos gêneros que faziam sucesso, encantando nossos ouvidos, en ternecendo nossos corações e animando nossos bailes e tertúlias.
Como eram boas as festinhas vespertinas realizadas nas salas de aula do Colégio Pe. Viana, do grupo José Mati as Sampaio, do salão da câmara municipal ou do salão do bingo, na sorveteria Flórida...!
Ao som da radiola ou da orquestra nos divirtíamos dançando boleros, rumba, manbo, tango, forró, samba, twist, valsa e iê,iê,iê.
Espetaculares eram as festas de gala das formatu ras dos alunos da 4ª série ginasial dos colégios Pe. Viana e Pe. Abath, com os conjuntos vindos de outras cidades, co mo “Ivanildo e seu conjunto”, da nossa capital.
O figurino era luxuoso, encantando a todos, especi almente na hora que os concludentes rodopiavam no salão ao som da “Danúbio Azul” ou de outra valsa.
O cenário da praça Dionísio Rocha de Lucena estava enriquecido pela Casa Seleta e a sorveteria ao lado que nos oferecia o mais atualizado repertório, através do seu serviço de som particular, sob os cuidados e o bom gosto de Zezinho Moreira, que ali era funcionário. Mais tarde, quando esta cerrava suas portas, Zezinho Moreira, de posse de tal equipamento, tornava-se publicitário e até hoje es tá ai contribuindo com a comunicação da nossa terra.
A Caldeira do Inferno, de propriedade de compadre Chico de Sinésio, veio também nesta década oferecer um lu gar de bate-papo e descontração para pessoas de todas idades. Ali se reuniam, como acontece até hoje, os amigos pa ra conversar, ler jornal, a qualquer hora do dia, e até meia noite, no máximo. Enquanto bebiam uma geladinha tro cavam informações sobre política, fatos sociais, notícias culturais, fuxicos, mexericos e o diabo a quatro.Ela cont nua ali com o mesmo clima de alegria apesar de ter perdido o seu presidente de honra: o Professor José Teles de Carvalho.
O Frak Laite, do nosso amigo Eduardo Leite, alimentava fisicamente e mentalmente o nosso povo, oferecendo no seu cardápio, além do cafezinho, da sopa, do caldo, da cer vejinha e da cachacinha, as anedotas e piadas que tanto alegrava a todos. Está lá, no mesmo local, embora tenha passado por reformas, com sua fiel clientela, tanto diária, como noturna.
Quanto a Sorveteria Flórida que ali esteve desde os anos cinqüenta, com seus deliciosos sorvetes e picolés, doces de todos sabores, chocolates e bombons, seu salão de jogos, seu dancing, que foi por muito tempo o palco das mais belas festas e veio a se tornar Ideal Clube, definhou e morreu como conseqüência, talvez, da descentralização das opções de lazer.
Para preencher o seu vazio social surgiu o Brejo Santo União Clube, que teve por idealizador o Dr. Cleidson de Araújo Rangel em parceria com os Srs. Otacilio Alves Pe reira, Emilio Salviano Alves e Manoel Denguinho de Santana (doador do terreno quase na integra e dos tijolos fabrica dos no seu terreno Baixio do Boi) entre outros. A parte complementar do terreno foi adquirida por compra ao Sr. Chico Doca.Com o apoio dos associados (fundadores e proprietári os) construíram, no espaço de oito meses, o clube social que está aí, até hoje, após ter passado por algumas refor mas.O Brejo Santo União Clube teve como primeiros presidente e vice os Srs. Emílio Salviano Alves e Otacilio Alves Pereira.
A Copa do Mundo, a Revolução de 1964, o Concilio do Vaticano II... foram acontecimentos marcantes e trans formadores para o Brasil que repercutiram de maneira extra ordinária também na nossa Brejo Santo.
Naquela época, quando a guerra fria era o pano de fundo do cenário mundial e os sistemas comunista e socialista reinavam em alguns países do mundo, no Brasil os ide ais políticos levavam brasileiros e especialmente os jovens a protestar e sonhar com um sistema de governo onde houvesse justiça.
Entre nossos estudantes brejosanteses, tantos aqui como nas capitais nordes tinas,havia idéiassocialistas.Era o despertar para uma política democrática. Era a juventude acordando para o seu dever como cidadão para com a pátria.
Os Beatles, os Rolling Stones, os hippies, foram fenômenos marcantes daquela década e muito influenciaram a nossa juventude, mas nem por isto podemos concor dar com aqueles que afirmavam que a nossa juventude era transvia da. Ela apenas lutava pela justiça, pela paz, e, sobretudo, pela liberdade de uma maneira diferente, ao seu modo.
A chegada da luz de Paulo Afonso, a inauguração da Casa Seleta, da Nortelar, da Casa de Saúde Maria Gomes Nicodemos, do Brejo Santo União Clube, entre tantos outros acontecimentos locais davam início a uma nova era com mudanças de hábitos e costumes.