CHICO, O CANDIDATO!

Chico , O candidato!

Toda vez que se aproxima uma época de eleições,me recordo da história que me foi contada sobre um tala de Chico Charão, que viveu numa cidade do interior de Minas Gerais. Morador na cidade há vários anos, jamais trabalhou, mas era amigo de todo mundo, e na malandragem sempre chegava na hora do cafezinho no Bar Brasil, do almoço do pessoal no Restaurante Central, e do aperitivo de fim de tarde no Bar do Lobato.

Nem a bilheteira do Cine Cacique escapava de seus galanteios nas sessões de domingo, coitada.

Todos o reconheciam como malandro incorrigível e sempre tinha alguém para se oferecer a pagar sua conta, mesmo porque o Chico conhecia a vida de todo mundo na cidade e sua assessoria de informações era utilizada até pelos gerentes de bancos antes de concederem empréstimo para algum cliente.

Até que um dia, no aperitivo de fim de tarde,alguém teve a infeliz idéia de lançar de brincadeira, a candidatura de Chico a vereador!

Chico achou que não era má idéia, e quando todos menos esperavam, haviam se cotizado para juntar o valor necessário para mandar imprimir o material de campanha do Chico.

Mas nos comícios, ainda era época disso porque espaço no rádio custava os olhos da cara, o Chico não tinha vez., já que seu partido tinha também como candidatos, médicos, fazendeiros, dentistas, comerciantes, coronéis, de tudo! A ralé da turma era ele, e nunca sobrava tempo para o seu discurso!

Mas o Chico Charão incomodou tanto, que no último comício, faltando três dias para as eleições, lhe deram três minutos para falar.

E Chico Charão, arrasou!

Com todos!

“Pobreza que me escuta! Quero que vocês votem em mim, porque eu quero arrumar a minha vida! Não prometo fazer nada por ninguém, mas quero que me elejam para que eu tenha um emprego, posso comprar um carro, arrumar minha casa, dar um jeito na minha vida! Se os outros acham que merecem, porquê eu não mereço? Por isso, peço de novo, votem em mim! Obrigado, e tenho dito!”

No outro dia, seus amigos de bar estavam na bronca com o Chico! Ele havia jogado a eleição fora!

Mas o Chico resolveu apostar com eles, um valor de cada um, ou sua saída da cidade!

Aberta a bolsa de apostas, quase toda cidade aposto no número de votos de zero a vinte, e que ele não se elegeria. Contados os votos, Chico se elegeu! E com folga!

Ficou rico com a bolsa de apostas, garantiu sua boquinha na Câmara de Vereadores da cidade, e ainda foi nomeado por ser o mais folgado dos vereadores, para a comissão de licitações.

A raposa no meio do galinheiro!

Comprou seu carro ... Arrumou sua casa ... Chico Charão, realmente arrumou sua vida!

Pena que tudo durou pouco, porque logo veio a revolução de 64...

E Chico Charão, vendeu a casa com piscina, ar condicionado, e desapareceu da cidade ... Como tinha aparecido nela ... Mas, ainda levou com ele a bilheteira do Cine Cacique!

Mesmo depois de muito tempo, seus amigos ainda sentiam saudade de sua malandragem.

Pois é, Chico Charão se elegeu porque falou a verdade, como poucos por aí ...

A propósito, você não viu o Chico por aí?

Esta crônica faz parte do Livro “Fala Sério!” que pode ser adquirido pelo e mail ajrs010@gmail.com