SOMOS FICÇÃO OU REALIDADE?

Ficcão e realidade. Somos uma ficção ou incorporamos uma realidade? É uma pergunta que todos podemos fazer a nós mesmos e com isenção obter uma resposta segura.

Vivermos uma ficção pessoal, sermos a aparência do que não somos ou nunca fomos é verdadeiro ou necessário? Evidentemente não é verdadeiro nem necessário. Não é verdadeiro por contrariar certezas, nem necessário por não ser necessário o mal, sendo a falsidade um mal, mas satisfaz àqueles que buscam o que seja superficial, somente a casca do verdadeiro.

O verdadeiro é forma e conteúdo, cerne, grita seus louros por onde anda, recebe a reverência do respeito à franqueza, à autenticidade, ao valor que se mostra na virtude nunca distanciada da sinceridade em ser, afastando sempre o não-ser. O substrato, o conteúdo não é casca, a casca é superficial e sofre metamorfose, mudança.

Caminhar na ausência da verdade pessoal incorre em desconforto, embora se ufane o pensamento pela publicidade do desconhecido que fica atrás de qualquer cortina, tênue seja, que esconda a verdade. É o aplauso da mentira não justificada, pois a ficção vestida sob qualquer pretexto é injustificável,por ser mentirosa, ainda que doentia, não se acercando da felicidade aproximada pela realidade, pela verdade.

Como a covardia em ser o que não se foi ou se é, a irrealidade apossada de nossos princípios, quebra a honradez, violenta a razão pela primariedade em que incide, desgasta vestígios mínimos de confiabilidade, pois não se pode confiar em nada se não somos verdadeiros, confiáveis com o que projetamos ser e não somos, superando os valores todos que criaram e fortificam a ética, e o pior, nos faz cadáveres vivos das vidas não vividas, dos planos da ficção envolvidos sempre na mentira, na desfaçatez e na baixeza, visíveis e deploráveis por serem mancas e botas.

O desenvolvimento da clareza afasta a ficção, traz sabedoria e sanidade mental, expressando realização, verdade, franqueza e sinceridade.

A vontade de ser realidade ou ficção, de mentir ou não a você mesmo, é o instrumento da imagem de Deus em você. Mova-se com Ele, flua com Ele. Se despedir da ficção é se despedir do homem velho para incorporar a realidade.

Nós nos tornamos aquilo que pensamos, e podemos pensar o bom, a verdade, não a permanente mentira de nossa ficção, construída ao sabor das vaidades fáceis e das conquistas inexistentes. Na morada do repouso e da ventura mora o conforto da verdade, onde a mentira, a ficção, não batem em suas portas.

Insulta a inteligência acanhada, estreita, mesmo mediana, aquele que vive na casa da falácia, visitada permanentemente pela ficção de braços dados com a mentira.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 21/09/2010
Reeditado em 06/12/2010
Código do texto: T2511776
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