MARES CLOACAS

Série: Crônicas da Natureza

*Ghiaroni Rios

A divulgação pela mídia, de que a cada dez tartarugas marinhas encontradas mortas, quatro tem óbito causado por ingestão de vários tipos de plásticos, consterna. Os animais confundem facilmente os diferentes plásticos com alimentos (algas) o que acaba virando verdadeira armadilha.

O estado vergonhoso de nossos mares e oceanos, é a cara de nossos rios, é a nossa cara. Somos imundos!

“Cloaca”, segundo o Aurélio: s.f. cano ou cova destinada a receber as dejeções. Por extensão tudo que é imundo, que tem mau cheiro.

Já assistimos ao absurdo de mar interior “secar” quase totalmente, como o caso do Mar de Aral, na Rússia, com águas desviadas por transposição. A justificativa para tamanha intervenção na natureza, foi irrigar plantações para produzir tecidos para fardas militares. A transposição do Velho Chico está acontecendo meio que na calada da noite.

Mas como criticar nosso descaso com nossa casa, o planeta, se ainda temos a mais absurdas das destruições através das guerras?

O Atum do Pacífico está desaparecendo. A pressão da pesca comercial não dá chance de renovação dos estoques pesqueiros. O mercado japonês chega a pagar até 260.000 mil dólares por um único peixe, que irá para as mesas dos restaurantes finos, na forma de peixe cru (sashimi), umas das apreciadas especialidades da culinária japonesa.

Cientistas novamente correm contra o tempo tentando provocar a desova do Atum, simulando (em cativeiro) até mesmo a velocidade e temperatura das correntes marinhas, tentando “enganar” o relógio biológico da espécie estimulando a reprodução induzida. Conseguindo este raro feito a espécie estaria a salvo da extinção. Preferível comer “Atum de granja”, como já acontece com o Salmão, do que nenhum.

Outro fenômeno degradante está ocorrendo também do Oceano Pacífico, onde se formou verdadeira Ilha de Lixo, com extensão aproximada de mil quilômetros na costa da Califórnia, em direção ao Japão. Essa “ilha” já teria mais de 100 milhões de toneladas de plásticos de todo tipo, e seus efeito para a fauna marinha é absurdamente mortal, terminando, através da cadeia alimentar, contaminando as pessoas.

O Velho Mundo, com sua acumulada cultura milenar, não foi capaz de poupar o Mediterrâneo que também “sofre” os efeitos de poluição extremada. Tornou-se, o Mediterrâneo, outra latrina.

Mudar hábitos de vida e consumo é muito difícil, é cultura arraigada. Somente mudamos em casos extremos de necessidade de sobrevivência.

Quem viver verá!

*O autor é ambientalista/escritor

ghiaroni rios
Enviado por ghiaroni rios em 21/09/2010
Código do texto: T2511181
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