VESTIDO DE NOIVA





Quando  minha filha era pequena, cinco ou seis anos, ganhou um  vestido branco  de  festa, todo incrementado, com mangas bufantes e pomposo laço na cintura. Presente de uma grande amiga que na época tinha confecção infantil. A menina  adorou, é claro, e em  ocasiões especiais como o Natal  ou  aniversário dos avós o usou com orgulho. No dia do casamento  do meu irmão caçula lá foi ela com seu vestido branco, igual ao da noiva, como ela se achou ao entrar na igreja. Depois disso, sempre que queria usá-lo, mesmo para aquelas festas das amiguinhas, quando as crianças correm, sentam  no chão e se emporcalham passando na roupa  os dedinhos  cheios  de gelatina vermelha e restos de brigadeiro, ela pedia ‘o vestido de noiva’! Dava um  certo  trabalho dissuadi-la, explicar que era melhor ir com outro vestidinho, bem bonito, mas não aquele.

Um  dia  uma das  minhas  tias  ouviu  a  nossa conversa sobre o ‘vestido de noiva’ e ficou intrigada. Levei a maior bronca. Como é que eu estava incutindo na cabeça da criança uma coisa dessas!

Minha  tia  já  se  foi e até  hoje nós rimos muito  da história. E a filha, que agora está grandona, nem pensa ainda em casamento. Mesmo que pense, acho que dispensaria de bom grado o ‘vestido de noiva’. Assim como toda a pompa da cerimônia...
                                          





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