A ASA DELTA - 7 longos parágrafos

Partimos de Poço Fundo, uma pequena cidade situada ao sul de Minas Gerais, antes do meio dia.

A principio José foi me dando as informações necessárias dos caminhos a seguir, no sentido de chegarmos aos planaltos dos altos morros circundantes.

Para nossa meta, seguimos no sentido oeste, subindo as ín-gremes e precárias estradas, por mais de três quilômetros. En-tretanto após alcançar o planalto de nossa meta deveríamos seguir para o sul, numa estrada margeando um rio de águas cristalinas, com o qual muito me admirei. Afinal, pelo ponteiro do meu altímetro analógico, estávamos a mil e duzentos metros acima do nível do mar. Concluía eu, que da rodovia, que ligava Alfenas a Pouso Alegre, sempre a serpentear nas partes baixas daquelas terras, deveríamos nos encontrar a uma altura mínima de setecentos metros. E como poderia haver um rio de bom tamanho em tal altura!? Mas tudo bem, era a natureza.

Numa velocidade de trinta Km por hora, em cerca de cinquenta minutos chegamos às partes altas do arraial de São João da Mata, ao oeste, num local que José disse chamar-se a Pedra da Mesa. Ficamos por lá algum tempo, sendo que no seguimento de nosso percurso nos dirigimos para São João.

No curto trajeto do ponto em que estávamos, até o arraial, havia dois quilômetros de íngremes ribanceiras beirando a serpenteante estrada.

Após nos deslocarmos uns oitocentos metros deparamos com um ajuntamento de pessoas a beira de um precipício, sendo que havia três pilotos de asa delta prontos a saltarem no vazio com mais de quinhentos metros de profundidade.

Curiosos, José e eu paramos para ver o aventureiro salto indi-vidual de cada um dos rapazes que sem demora empreenderam seus arrojados voos. Foi lindo! Em instante eles estava planando numa altura mais elevada, pois a corrente de ar lhes proporcionaram manobras de ascensão inusitadas. Ficamos muito tempo a admirar a ousadia dos pilotos desafiando as alturas. Pena que não era eu e José , pois eu particularmente, sempre sonhara em voar de asa delta. Lembrava que fizera um curso de piloto com mais de cinquenta horas de voo em 1981, entretanto não consegui chegar ao ponto de voar numa daqueles aparatos. Mas até hoje sonho em efetuar tal aventura. Ainda que seja em espírito, já que as aventuras temporais estão cada vez mais distantes do peregrino de Luzirmil.

José e eu terminamos nosso passeio pelo alto das montanhas, já quase ao anoitecer. Foi um dia inesquecível!