A propaganda é a alma do negócio
Quem não me conhece, não me compre. Não estou à venda. E, mesmo que estivesse, sairia cara. Caríssima. Sou incrivelmente interessante. Sem usar de falsa modéstia, tenho talento, inteligência, audácia, criatividade e mais tantos atributos que me tornam essa pessoa apaixonante.
Como se isso não bastasse, sou uma excelente companhia para tardes depressivas e noites asfixiantes. Faço rir com pouca piada e consigo transformar uma lágrima em muitos sorrisos.
Sou uma amante ma-ra-vi-lho-sa. Isso mesmo, ma-ra-vi-lho-sa! Se pudesse, eu me beijaria o dia inteiro. Conheço alguns truques de tirar o chapéu e fazer voar o passarinho. Ah, sem esquecer que sou insaciável. É, eu sou realmente excepcional.
Pele macia. Cabelos tão sedosos que seriam dignos de uma propaganda de shampoo. Não tenho olheiras, nem espinhas, tampouco chulé. Seios fartos e sempre apontando pra cima. Coxas grossas e torneadas, uma gostosura só. Tenho o sorriso mais cativante do Brasil. Ia dizer do mundo, mas poderia soar convencido demais, embora seja a mais pura verdade.
Filha exemplar. Orgulho de papai e mamãe. Comunicativa, atenciosa e muito, muito compreensiva. Quando erro, peço perdão e tento refazer tudo bem certinho. Porque comigo é assim: corrijo até acertar.
Minha embalagem é frágil, mas o produto forte e duradouro. Coração de manteiga, mas cabeça de chumbo grosso. Não guardo mágoas. Mais doce e angelical que Madre Teresa, sou capaz de perdoar qualquer coisa. Vinda de qualquer um.
Libra. O cúmulo do equilíbrio. Nasci com o signo certo. Não extrapolo minhas emoções. De jeito nenhum. Nem grito com quem quer que seja. Acho isso uma grande falta de respeito. Sou uma pessoa de personalidade terna e de princípios que dariam inveja a qualquer monge tibetano.
Eu sou, definitivamente, um amor. Aquela pessoa sem problemas e sem contra-indicações. Linda, gostosa e cheirosa, que até parece que não caga. Mas eu já vou avisando: eu cago sim. Rosas. Belíssimas rosas perfumadas.
Isso é pra provar que não se deve acreditar em tudo que se lê. Não que eu seja tão ruim, mas estou longe de ser tão boa. Mas é estimulante escrever tão bem de si mesma. Vai que eu acredito? Nas rosas perfumadas, eu acredito sim.