O QUE VOCÊ FARIA SEM SUAS MEMÓRIAS?

O que você faria sem suas memórias?

No filme “Como se fosse a primeira vez” (Columbia Pictures-2004), Lucy interpretada por Drew Barrymore, sofre de uma doença neurológica causada por um acidente de carro, que a faz esquecer-se de tudo que vive recentemente, recordando apenas dos momentos que vivenciou antes do acidente.

Neste momento estou escutando pela televisão um caso idêntico que ocorreu na Inglaterra. Michel, após um acidente de carro, teve complicações em uma parte do cérebro denominada hipocampo, que segundo o Google é a estrutura que converte a memória em curto prazo em memória a longo prazo. Lesões no hipocampo impedem a pessoa de construir novas memórias, tendo a sensação de viver em um lugar estranho onde tudo que experimenta simplesmente se desvanece, mesmo que as memórias mais antigas anteriores à lesão permaneçam intactas.

Michel encontra-se nesta situação. Percebeu que havia algo errado quando em seu trabalho tirou xerox do mesmo documento várias vezes, totalizando quase mil cópias. E a partir desta descoberta tudo mudou em sua vida.

Ao acordar todos os dias Michel se esqueceu de tudo que aconteceu no dia anterior. Seu marido agora é a sua memória, ele deixa bilhetes, recados, registros em diário e lembretes no celular para fazer com que a esposa faça coisas simples do dia-a-dia. Há momentos em que ela sente-se frustrada por não se lembrar do marido, pois eles casaram-se treze dias após o acidente, fazendo com que o mesmo faça parte das suas lembranças esquecidas. Ele precisa mostrar as fotos do casamento para comprovar o casório. Michel relata que não queria ver as fotos, mas sim ter suas próprias memórias. E ressalta: gostaria não apenas de ver o vestido, mas de lembrar-me da sensação de tê-lo vestido.

Os médicos explicam que há três tipos de memória: a imediata (que nos faz repetir um número de telefone imediatamente), a recente (referente aos últimos dias) e a longo prazo (associada ao aprendizado e momentos da infância). No caso de Michel, que se refere à memória imediata, a doença não tem cura, pois as informações vão embora e não voltam ao hipocampo.

Michel decidiu não fazer planos e viver cada dia como se fosse a primeira vez. Seu marido apoiou a decisão.

Tudo isso me fez refletir sobre as lembranças que trago comigo. Como seria acordar pela manhã e não reconhecer meu próprio quarto?

Como deve ser a sensação de ser apaixonado por alguém que simplesmente nunca se lembrará de você?

Como cultivar sentimentos com pessoas que serão esquecidas?

Amanhã, viverei como se fosse a primeira vez.

Luciana Soares
Enviado por Luciana Soares em 20/09/2010
Código do texto: T2508587
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