VERGONHA DE SUA RAÇA
Lêda Torre
Na escola que trabalhei seis anos, antes de vir para a SEDUC - Secretaria de Educação do Estado, numa turma de quarta serie,hoje quinto ano, aconteceu uma situação inusitada, que jamais vou esquecer como professora e educadora. Na execução de um Projeto interdisciplinar "Eleições na escola", em pleno período eleitoral, em 2006, onde o assunto era eleições, candidatos, essas coisas; uma aluna, de seus 9 a 10 anos de idade, nos mostrou uma faceta muitas vezes desconhecida por nós educadores.
Uma das etapas do referido projeto, era uma tarde destinada a expedição do documento de identidade e título de eleitor, simuladamente para as turmas de 2º ao 5º ano, para num dia "D" o processo de eleições naquela escola iria se realizar antes das eleições de fato no mês de outubro daquele ano.
Ao passar uma das tarefas para os alunos trazerem de casa uma foto sua ou gravura para colocar no lugar do retrato 3 x 4, a garota que era negra, trouxe a foto de uma menininha linda e loira dos olhos azuis. Percebendo a situação em que a aluna se via loira, nisso, pude notar que a menina não gostava de sua cor, o que me deixou preocupada, me levando inclusive a fazer uma reflexão sobre o comportamento dessa menininha.
E ao mesmo tempo que ela me apresentou outra figura diferente da sua, imediatamente ela me perguntou se estava linda a "foto", e eu respondi que não, porque ela era muito mais bonita que a do retrato, eu preferia que ela trouxesse uma foto sua que ficaria muito melhor, porque ela era mais bonita que a da foto, e ela deveria levar de volta para refazer a atividade, e assim foi.
Observa-se a discriminação dessas diversidades, muitas vezes pelas próprias pessoas que vivem essa situação.