MINHA DOCE E QUERIDA REMI!

Minha doce e querida Remi!

Você lembra? Era assim que lhe chamava com todo carinho. Sabe que depois de ter sido traído hoje, após de horas de trabalho, me bateu uma saudade de você que é difícil de explicar.

Nem mesmo meus apelos do fundo do coração, sentidos e doídos fizeram com que a traição fosse desfeita.

Por isso, senti tanta saudade de você, que resolvi lhe escrever esta carta.

Nela quero lhe pedir perdão por tê-la abandonado e me deixado seduzir por quem mais moderna, prometia fidelidade e segurança. Mas devo confessar, de que ninguém, mas ninguém mesmo entendia como você os toques de meus dedos, e me deu a certeza de tamanha cumplicidade e reciprocidade.

Ora Remi, vê já só!

Só com você eu tive sempre a garantia de que estava tudo em paz, tudo certo!

Só com você eu tive a garantia de que o hoje seria o mesmo de amanhã, e de que você jamais mudaria de opinião em menos de cinco minutos, ou talvez até menos, e me deixasse triste, abatido, e até mesmo frustrado depois de tantos momentos de dedicação.

Eu sei que de vez em quando me excedia e lhe batia forte demais, que na minha pressa meus dedos até ágeis demais para o momento, deixavam em você tudo que se passava na minha cabeça.

Ora Remi querida! Mas você me entendia e me consolava com seus gemidos ritmados na complementação da minha vontade. Eu sei que muitas vezes briguei quando seus braços se cruzavam e dificultavam meu toque, mas devo confessar hoje que era também, porque era apressado demais.

Mas querida Remi, foi com você que aprendi a dizer as coisas mais ou menos certas, levar carinho, amizade, e até mesmo prazer além de algumas críticas mais fortes. Mas aí a culpa já não era sua, mas minha e só minha.

Quantas e quantas vezes você engasgou, e foi preciso recomeçar tudo de novo.

Seu rolo de vez em quando engolia o papel, estragava meu texto e tinha que recomeçá-lo, copiá-lo.

Mas minha velha e querida Remington, amiga, parceira, companheira, confidente, embora hoje na saiba onde anda, pode ter certeza de que morro de saudades de nossas manhãs, tardes e noites, além de madrugadas é claro.

Mas você jamais me deixou na mão e apagou uma crônica todinha que eu já tinha pronta, como fez comigo hoje, o tal do computador.

Beijos Remi!

Antonio Jorge Rettenmaier é membro da AGEI, Associação Gaúcha dos Escritores Independentes, com sua coluna semanal Fala Sério! sendo publicada em mais de 70 jornais impressos e eletrônicos do Brasil e Exterior.