DOR NO CORPO E DOR NA ALMA
Dor no corpo e dor na alma
De manhã, antes de embrenhar-me nos afazeres domésticos, telefonei para o Pet dog, solicitando que viessem buscar nossos cachorros, para o banho e tosa costumeiros. Ficou acertado que às 14 horas estariam em casa para levá-los. Passei a realizar minhas tarefas diárias com o programado em mente.
Após as 14 horas liguei novamente, pois ainda precisava ir ao banco antes que encerrasse o expediente.
Além de demorarem a chegar, os rapazes que vieram não tinham experiência e foi preciso minha ajuda para colocar os cães no transpet.
Saí apressada, já que faltavam apenas 15 min para que o banco fechasse.
Cheguei preocupada com o pouco tempo disponível e, ao mesmo tempo que subia as escadas, procurava pelo cartão. Bolsa de mulher, várias repartições, fui até a porta habitual... Estava fechada. Segui para a outra e não percebi a existência de um pequeno degrau. Na pressa, tropecei e levei um tombo. Levantei-me e fui direto ao caixa eletrônico. Não foi possível realizar a transação, conforme havia previsto.
Sabe... Aqueles dias em que tudo é complicado?...
Notei que tinha ralado a mão direita, peguei um lenço na bolsa, limpei o sangue e segui até o caixa interno. Enquanto esperava, percebi que o machucado era um pouco maior, esfolei também o joelho. Não me incomodei, concluí a transação necessária.
Cheguei em casa, lavei os ferimentos, passei um antisséptico local.
Assim que minha irmã chegou (tinha ido ao médico para a consulta de acompanhamento de uma cirurgia realizada), relatei o acontecido no meu dia.
Essa conversa me fez perceber, com maior clareza, existir mais uma diferença marcante entre as pessoas.
Constatei que dores físicas não me causam tanto sofrimento a ponto de me fazer chorar, pois já passei por muitas situações de doenças e, por todas “ tirei de letra “. Por outro lado, os maiores sofrimentos pelos quais passei, vieram através da atuação maldosa de outras pessoas. O que mais dói e me faz chorar é sentir a falta de amor, o desrespeito de nossos semelhantes, o maquiar dos fatos reais, a opressão, a calúnia, a inveja, a falta de ética e caráter do ser que, com tudo isso, se considera humano.
Concluí que algumas pessoas não têm preocupação com o transtorno que podem causar aos outros, quer seja pelo não cumprimento de um horário ou a colocação de um degrau desnecessário o qual causou e pode continuar causando acidentes.
Minha irmã é bem diferente. Tivemos os mesmos pais, a mesma educação, nem por isso sentimos da mesma forma. Ela tem muito medo da dor física, espera não ter que passar por ela durante o tratamento que vai enfrentar na quimioterapia.
Dois fatos de pouca importância para muitos, deram-me uma lição no dia de hoje: dores físicas não são o maior problema, pois sempre existe um remédio capaz de fazê-las passar. Ou ainda, um sedativo que faça as pessoas dormirem. Já as dores marcadas na alma, sempre que lembradas, retornam e são sentidas com tanta ou mais intensidade do que quando foram provocadas.
Iza Engel