Morta pelas ruas vazias
Sinto a morte tocar meu rosto,meus olhos já pesados fecham lentamente,ao mesmo tempo que o ar não chega aos meus pulmões.Não tenho forças para caminhar;minhas mãos tentam segurar qualquer coisa que me faça ressurgir,mas elas não conseguem nem sair de cima de meu peito.
Meu corpo;não posso mais chama-lo de meu,este já foi levado por alguém chamado Destino,levou-o e deixou uma armadura de papel que me protege inutilmente dos meus próprios distúrbios.Usando-a e nem sabendo por que,prossigo levitando sobre meu próprio cadáver.
Todos me tratam como se eu ainda estivesse viva,e isso é o que me dói mais ainda.Os mesmos rostos insuportáveis de sempre me desafiam para me darem a certeza de que já não tenho cura,me provando que esta doença invisível hoje impregnada no meu corpo nunca me deixará,só me levará para o inferno mesmo.
Ignorância minha ainda lutar,sei que já estou derrotada e nesta guerra não tenho armas;minha respiração já falha e nem consigo mais dizer uma palavra,apenas escrevo este testamento distribuindo minhas raras lembranças de uns momentos felizes.
Deixo um sorriso por ter recebido um olhar daquele que um dia eu desejei;deixo um abraço por um dia ter provado o sabor de ser normal;deixo minhas lágrimas pois estas foram umas das coisas que mais possui em minha história.
Deixo um último sorriso,pois é a única coisa que ainda consigo fazer nesse instante,é o único lugar que ainda consigo movimentar,e finalmente dizer:
-Por que tinha que ser assim?
(05/12/2006)