O descrédito de um eleitor
Quando, há quarenta e sete anos, eu votei pela primeira vez estava convicto de que não apenas exercia o meu direito de cidadania, como também prestava um serviço à democracia nacional.
O tempo, sábio mestre da natureza, veio mostrando gradativamente, o outro lado da moeda o qual, no caso, é a desilusão política tornando-me um cidadão ímpio. Por quê?
É simples. De quatro em quatro anos a tênue esperança ia desaparecendo, uma vez constatado o mau procedimento daquele a quem confiei o voto.
Nesse longo período eleitoral já tive a decepção de ter acreditado em incompetentes, demagogos, levianos, maquiavélicos, inexperientes, dilapidadores do patrimônio, mentirosos, egocêntricos, desonestos, corruptos, larápios e até desconhecedores do que se passa a seu redor.
Ao fazer uma retrospectiva, concluí que nenhum político eleito com o meu voto, ofereceu o retorno esperado. E vejam os senhores que não sou exigente. Como todo brasileiro, sempre tive a expectativa de que os políticos eleitos dariam seguimento ao trabalho bem executado pelo seu antecessor, o que permitiria, ao longo prazo, a redução do índice de endividamento e, por conseqüência, melhor qualidade de vida a todo o povo brasileiro.
Diante desse quadro desolador, estou angustiado porque, ao se aproximar a data da eleição, não consigo estabelecer um parâmetro que me faça enxergar a quem devo conscientemente conceder o voto. O considerável índice de políticos que atuam de forma ignóbil é o responsável pela minha incredulidade e de milhares cidadãos que vivenciam esse drama. Atualmente, na minha visão, votar com acerto é como adivinhar o resultado da Loteria Federal.