Aguiar e o famoso taxista gordo da Av. Brasil
Se a procrastinação é uma coisa comum, deixar para se exercitar na próxima segunda-feira é mais comum ainda. Quis a natureza que acomodação fosse uma característica dos mais gordinhos e, como vontade é uma coisa que dá e passa, entrar na academia fica sempre pra depois.
Dos casos mais famosos desse tipo de procrastinador – seria você um procrastinador? Palavra bonita... – se destaca a história do Aguiar, pelo seu triste fim. Largamente veiculada na imprensa ela é emblemática: deixar de fazer exercício físico pode não ser prejudicial só pra você.
Quando menino Aguiar não era um bom aluno, aliás era péssimo, mas era o melhor em educação física (vamos vendo as ironias da vida). Magricela mas com bom apetite, o Aguiar era uma negação em matemática, português, geografia e etc., sempre passava esbarrando, chorando décimos, mas em educação física o menino brilhava. Chegou a receber indicação para uma escolinha de futebol, o que foi a esperança de sua mãe, que já sabia que se não virasse jogador o menino ia acabar sendo mendigo de tão burro.
O que não se sabia é que Aguiar não era só um nome, era vocação. Aguiar logo virou taxista. Dirigia muito bem, bons reflexos, divertia os passageiros, daquele tipo de taxista que você dá graças a Deus de pegar. Não falava sobre política, sobre futebol só quando o passageiro começava, o resto era só amenidade. Achou sua profissão.
Acontece que taxista trabalha o dia inteiro sentado e Aguiar logo engordou. Muito. Depois de alguns curtos anos entrar no seu táxi Santana para dirigir era difícil e ele, embora não admitisse, preferia ficar dentro do carro de uma vez do que ficar entrando e saindo. Almoçava dentro do carro, lanchava dentro do carro, só faltava dormir e ir ao banheiro ali mesmo.
Começou a se sentir mal, foi num médico e se descobriu com problemas cardíacos. Recomendaram exercício físico, ele prometeu começar, mas não passou disso.
Um dia pegou uma de suas passageiras mais fiéis, D. Olivia. Uma senhorinha, daquelas magrinhas, com óculos fundo de garrafa e que dá vontade de abraçar. Aguiar, já passando mal, não recusou a corrida, D. Olivia merecia o esforço. E aconteceu o pior.
O caminho passava pela Av. Brasil e é ali mesmo que a nossa história termina. Aguiar começa com umas caretas que D. Olivia acha que são gozação, mas na verdade era um desabafo do coração do gordinho, já cansado de trabalhar. Aguiar infartando, perdeu a direção. D. Olivia, vendo o carro descontrolado, morre na hora de susto. Aguiar também não resiste e morre ao volante, causando uma das piores batidas que aquela via conhece.
E que não se diga que não fazer exercício físico só prejudica ao próprio gordo.